Unidade:
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Reitoria da Universidade de São Paulo |
Modalidade:
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Difusão |
Tipo:
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Presencial |
Público Alvo:
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Pessoas interessadas no tema |
Objetivo:
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Curso Presencial
Aula 1 (27/11, 2h), com início às 18h - Contextualização e perspectivas autobiográficas
Responsáveis: Esther Hamburger, Carolina Gonçalves e Marcos Yoshi
Aula 2 (28/11, 2h), com início às 17h - O documentário autobiográfico estadunidense: cinema direto, autorreflexividade e além
Responsável: Gabriel K. Tonelo
Aula 3 (04/12, 2h), com início às 17h - Imagem de arquivo, memória e fabulação no filme autobiográfico
Responsável: Carolina Gonçalves
Aula 4 (05/12, 2h), com início às 17h - Documentário autobiográfico japonês, 1970 a 1990
Responsável: Marcos Yoshi
Aula 5 (11/12, 2h), com início às 17h - O documentário autobiográfico no Brasil: uma perspectiva a partir da realização feminina
Responsável: Hanna Esperança
Aula 6 (12/12, 2h), com início às 17h - A autobiografia no Cinema Queer
Responsável: Haroldo Lima
Narrativas de cunho autobiográfico figuram como importante abordagem da produção não-ficcional há pouco mais de meio século. Nesse período, cineastas usaram a forma cinematográfica para a expressão acerca da própria vida e da história familiar a partir de diferentes preocupações estilísticas e temáticas - do cinema próximo do domínio experimental ao cinema de cunho documental mais enraizado. Narrativas autobiográficas ocupam atualmente um lugar consolidado na produção não-ficcional. Se em suas origens o cinema autobiográfico estava restrito a circuitos acadêmicos ou de cinefilia, em poucos países, atualmente os títulos figuram nas filmografias nacionais de todos os continentes e não-raro alcançam lugar de destaque no circuito de festivais e em importantes premiações ao redor do globo. De acesso plural, a autobiografia vem sendo uma possibilidade narrativa revisitada tanto por figuras consolidadas no meio cinematográfico quanto por cineastas em início de carreira.
Em observância a todas essas questões, o curso "Cinema Autobiográfico em Perspectiva" visa dar vazão a um pouco da multiplicidade temática, estilística, temporal e geográfica dessa produção. A partir de pesquisas em andamento conduzidas pelos(as) ministrantes, o curso foi elaborado em seis encontros que irão endereçar tanto questões mais horizontais concernentes à noção de autobiografia no cinema quanto estudos de casos mais aprofundados, que gravitam em torno de filmografias nacionais; temáticas
específicas; aspectos estilísticos; e questões epistemológicas. Em seu conjunto, o curso objetiva instrumentalizar os(as) participantes, diante de uma vasta produção atual, sobre algumas das características fundamentais do cinema de cunho autobiográfico.
No primeiro encontro do curso, Marcos Yoshi e Carolina Gonçalves apresentarão alguns conceitos iniciais que circundam as reflexões sobre cinema autobiográfico. O que entendemos por "autobiografia" no cinema? Qual a projeção pública desses filmes em um contexto atual? Que tipo de temáticas vem sendo endereçadas por cineastas-autobiógrafos(as) na produção mais recente?
Gabriel K. Tonelo, na segunda aula, dissertará sobre o desenvolvimento do documentário autobiográfico no contexto estadunidense. A aula deverá abordar a passagem do cinema direto ao cinema autobiográfico, como exemplificado pela obra de cineastas como Ed Pincus, Alfred Guzzetti e Ross McElwee. Para além das questões epistemológicas deflagradas por esses cineastas, também será oferecido um panorama sobre a intersecção entre autobiografia e exploração identitária (gênero, sexualidade, raça, identidade nacional) no documentário estadunidense a partir da década de 1970.
Na terceira aula, Carolina Gonçalves abordará o documentário autobiográfico contemporâneo sob o contexto das imagens de arquivo; dos processos de engendramento da memória e da criação fabulativa como matéria-prima dessas narrativas. Na aula, será discutida a relação entre a imagem de arquivo e a evocação de reminiscências, na criação das narrativas. A imagem como arquivo do vivido e simultaneamente lugar de invenção de memórias, uma vez que a imagem registrada nem sempre coincide com as lembranças que guardamos dos eventos. A partir de um olhar para a obra de cineastas como Jay Rosenblatt, Laurie Anderson, Agnès Varda, Sarah Polley e Lúcia Murat, a pesquisadora deverá apresentar e problematizar estratégias expressivas com o intuito de debater a potência e ao mesmo tempo a fragilidade dessas imagens, enquanto suportes da memória.
Marcos Yoshi, no encontro seguinte, mudará o foco do olhar autobiográfico para outra ponta do mundo, em uma aula que se concentrará nas duas primeiras décadas do documentário autobiográfico japonês, conhecido como serufu dokyumentari (self-documentary) no contexto nipônico. Yoshi mostrará o início da tradição japonesa do cinema autobiográfico em 1974 com o lançamento de dois filmes paradigmáticos, Extreme Private Eros: Love song 1974, de Hara Kazuo, e Impressions of a Sunset, curta-metragem realizado por Suzuki Shiroyasu. A aula destacará as principais características da produção subsequente, mapeando as relações entre modo de produção, estética e política, até chegar naquela que, provavelmente, é a mais conhecida dentre as obras autobiográficas japonesas: os documentários pessoais de Kawase Naomi.
Na quinta e na sexta aula do curso, história e epistemologia do cinema autobiográfico são revisitadas (e revisadas) em dois encontros distintos. Hanna Esperança olha para o documentário autobiográfico brasileiro a partir da produção realizada por cineastas mulheres. Discute-se o panorama temático e epistemológico que regia o cinema documentário brasileiro na década de 1970 e 1980 a fim de entender a existência (ou não-existência) de um terreno fértil para o desenvolvimento da autobiografia no país. Mesmo diante disso, a aula oferecerá alternativas à visão de que a filmografia autobiográfica apenas floresceu no Brasil a partir da década de 2000. Em sua apresentação, a pesquisadora aborda filmes de cineastas como Olga Futemma, Maria Inês Villares e Helena Solberg como possibilitadores de um outro tipo da história da autobiografia no Brasil, desde que olhada de forma mais ampla.
Finalmente, Haroldo Lima discutirá noções de escrita autobiográfica diante da produção queer. Para além dos diários fílmicos em vídeo produzidos no calor da epidemia de HIV/aids, a filmografia autobiográfica encontrou volumes queers a partir da intensa experimentação formal e estilização dos dados autobiográficos agenciados por realizadores e realizadoras ao longo da década de 1980 e 1990. O New Queer Cinema, nesse sentido, será apresentado como uma resposta direta em sua multiplicidade poética às guerras sexuais do período, sendo visto como um movimento que deixa marcas inegáveis no campo documental e, de maneira expressiva, em sua dobra autobiográfica. O pesquisador se apoiará na performance e a estilização do material biográfico para entender estratégias autorreferenciais, biográficas e coletivas agenciadas em filmes e vídeos tão diversos quanto os realizados por Curt McDowell, Su Friedrich, Marlon Riggs, Richard Fung e Cheryl Dunye. |
Pré-requisito Graduação:
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Não |
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Área de Conhecimento:
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Cinema
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