Atividade

91208 - Cinema da América Latina: Resistência Estética e Política

Período da turma: 26/08/2019 a 16/09/2019

Selecione um horário para exibir no calendário:
 
 
Descrição: EMENTA
O curso parte da análise das cinematografias clássica e moderna da América Latina, com ênfase nos estudos do cinema revolucionário e militante do Nuevo Cine Latinoamericano e nos conceitos presentes nos atuais debates sobre as realizações contemporâneas que oferecem uma perspectiva crítica da realidade social. As teorias do cinema, os projetos desenvolvidos por cineastas militantes, a fortuna crítica e a análise dos filmes integram a discussão sobre a produção latino-americana. Com base nesses conhecimentos, e numa fundamentação teórica sobre os pressupostos políticos das imagens e do realismo, os participantes serão introduzidos às possibilidades da análise fílmica.

Eixos temáticos:
Introdução às questões estéticas e políticas do cinema da América Latina
As teorias dos cineastas
O realismo e a política das imagens

PROGRAMAÇÃO

Cinema Argentino
Questões políticas e sociais da Argentina e as formas de representações do exílio
Os movimentos políticos cinematográficos

Cinema Brasileiro
O popular e o realismo em filmes de diferentes períodos
De Limite (Mario Peixoto, 1930) ao Cinema Novo.
Da estética da fome à estética do lixo
O cinema contemporâneo

Cinema Mexicano
A Revolução Mexicana no cinema clássico e moderno
A marginalidade e delinquência no cinema latino-americano contemporâneo.

Cinema Chileno
A trajetória do cinema militante e os filmes de Patrício Guzmán.
O cinema chileno contemporâneo

Cinema Cubano
A Revolução Cubana, vista sob o tema “subdesenvolvimento”
Soy Cuba e Memorias del Subdesarrollo


METODOLOGIA
Os episódios cruciais da história dos países latino-americanos explorados nos filmes de ficção e documentários serão analisados não só para entendê-los, mas, principalmente, para se refletir sobre os modos pelos quais eles foram construídos. Serão feitas exposições sobre os aspectos estéticos e históricos e a produção de visões que se dialogam ou que se contraponham sobre o passado histórico na produção cinematográfica.
Os filmes serão utilizados como veículo de conhecimento para a introdução de temas complexos, tais como a liberação da América Latina da dominação espanhola e portuguesa, as revoluções e os acontecimentos políticos no início do século anterior. Também serão explorados os movimentos indígenas e as repressões vivenciadas pelas populações urbana e rural que foram oprimidas pelos latifundiários no campo e pela ditadura militar nas cidades. Esses temas são fundamentais para se refletir sobre questões políticas e sociais historicamente representadas no cinema da América Latina.
O diálogo existente entre cinema e representação da realidade social latino-americana permite questionar as formas como os filmes abordam os acontecimentos políticos e sociais. Portanto, o ponto de partida para as análises desses planos é questionar como a realidade social e as personagens foram representados nas produções selecionadas, ou seja, a forma como os autores pensam suas obras e como elas chegam aos espectadores. Busca-se ultrapassar as questões que o filme consegue transmitir e procurar pelas respostas de como foram transmitidas, de forma intencional, para provocar a identificação do espectador.
Para alcançar essas questões e poder exprimi-las, o método de análise não se fixará em normativas, como propõe o exercício da “crítica imanente” de Theodor Adorno, que recusa o uso de métodos e conceitos predefinidos para uma análise e que propõe uma reflexão que supõe uma constante revisão da estética implicada na obra. Parte-se da necessidade de se discutir um plano fílmico expondo o modo pelo qual ele está organizado. Uma análise interna da obra em que encontramos os feitos, os conflitos, objetivos de personagens, temas e a ideia central da obra, porém com um procedimento diferenciador da análise técnica.

Recursos
- Contextualização política e estética do cinema da América Latina, feita através de exposição oral e leituras, com uma seleção de filmes dos períodos clássico, moderno e contemporâneo. Discussão de temas específicos do cinema latino-americano. Projeção de filmes e análises fílmicas.
- Todos os encontros serão finalizados com debates, permitindo, assim, que o público dialogue sobre o reconhecimento que teve das imagens. Pretende-se, dessa maneira, ampliar o campo de discussão sobre as representações caracterizadas na trajetória do cinema latino-americano.

BIBLIOGRAFIA
Básica:
AVELLAR, José Carlos. A Ponte Clandestina: Birri, Glauber, Solanas, Getino, García Espinosa, Sanjinés, Aléa - Teorias de Cinema na América Latina. Rio de Janeiro/São Paulo: Edusp, 1995.
PARANAGUÁ, Paulo Antonio. Cinema na América Latina. Longe de Deus e perto de Hollywood. Porto Alegre: L&PM, 1984.
XAVIER, Ismail. O discurso cinematográfico. A opacidade e a transparência. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

Complementar:
DEL VALLE DÁVILA, Ignacio. Cámaras en trance: el nuevo cine latinoamericano, un proyecto subcontinental. Santiago: Cuarto Propio, 2014.
LUSNICH, Ana Laura. PIEDRAS, Pablo. FLORES, Silvana. Cine y revolución en América Latina. Una perspectiva comparada de las cinematografías de la región. Imago Mundi. Buenos Aires, 2014.
NAGIB, Lucia. A utopia no cinema brasileiro: matrizes, nostalgia, distopias. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. Tradução: Mônica Costa Netto. São Paulo: EXO Experimental / Editora 34, 2005.
XAVIER, Ismail. O cinema brasileiro moderno. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

De Referência:
BERNARDET, Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo: Cia das Letras, 2003.
_____. Cinema brasileiro: propostas para uma história. São Paulo: Cia das Letras, 2009
CHAUÍ, Marilena. Conformismo e Resistência – aspectos da cultura popular no Brasil. 6 ed. São Paulo: Brasiliense, 1996.
DELEUZE, G. Cinema 2. A imagem-tempo. Trad. Eloisa de Araújo Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 1990. FREYRE, Gilberto. Casa-grande e Senzala. Rio de Janeiro: Record, 1995.

GILLONE, Daniela. Ressignificações do exílio no cinema argentino in: Aguilera, Yanet (Org.) Imagem, Memória e Resistência. Discurso Editorial (2015) p. 136-149.
_____. O Cinema de Humberto Mauro in: ____ (Org).Vol.I - Coleção Cinema Brasileiro – Clássico – Industrial. Gillone, Daniela (Org.). Ensaios reunidos de críticos e pesquisadores.
_____. Limite, o filme de Mário Peixoto in: ____ (Org). Vol.II - Coleção Cinema Brasileiro – Clássico – Industrial.
_____. Entre filmes e histórias da era dos estúdios in: ____ (Org). Vol.III - Coleção Cinema Brasileiro – Clássico – Industrial
_____. Estética e Política do filme Esse Amor que nos Consome. in: Aguilera, Yanet (Org.) Imagem e Exílio. Discurso Editorial (2016) p. 491-498.
GOMES, Paulo Emilio Salles. Cinema: trajetória no subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra / Embrafilme, 1980.
JAMESON, Fredric. Sobre realismo mágico no cinema in: ____. Espaço e Imagem: Teorias do pós-moderno e outros ensaios. Rio de Janeiro: UFRJ, 2004.
PARANAGUÁ, Paulo Antonio (ed). Cine documental en América Latina. Madrid: Cátedra, 2003.
_____. Tradición y modernidad en el cine de América Latina https://archive.org/stream/tradicionymodern00para#page/n7/mode/2up
MESTMAN, Mariano. Martín Fierro- Juan Perón, problemáticas de una articulación forzada in: Actas del III Congreso de Estudios sobre el Peronismo. Red de Estudios sobre el
Peronismo – ISHIR – UNIHR/CONICET – Facultad de Humanidades y Ciencias
Sociales Universidad Nacional de Jujuy, 2012
RIDENTI, Marcelo. Em busca do povo brasileiro – artistas da revolução, do CPC à era da tv. Rio de Janeiro: Record, 2000.
http://www2.socine.org.br/wp-content/uploads/2016/10/Cinema-e-America-Latina-estetica-e-culturalidade.pdf
VILLAÇA, Mariana M. “America Nuestra – Glauber Rocha e o cinema cubano”. Revista Brasileira de História. Viagens e Viajantes, vol. 22, núm. 44, 2002, pp. 489-510.
XAVIER, Ismail. O cinema brasileiro dos anos 1990. Praga, São Paulo, n. 9, jun. 2000.
_____. Alegorias do subdesenvolvimento São Paulo: Brasiliense, 1993.

Carga Horária:

8 horas
Tipo: Obrigatória
Vagas oferecidas: 85
 
Ministrantes: Ana Daniela de Souza Gillone


 
 voltar

Créditos
© 1999 - 2024 - Superintendência de Tecnologia da Informação/USP