55306 - Módulo 3 Aprofundamentos em psicopatologia e introdução histórica às políticas de Saúde Mental |
Período da turma: | 02/03/2015 a 29/06/2015
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Descrição: | DISCIPLINA 12: POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL: UMA ABORDAGEM HISTÓRICO-CRÍTICA
PROGRAMA OBJETIVOS 1) Desnaturalizar os conceitos de Doença Mental e Saúde Mental, situando-os como instituições criadas historicamente. 2) Situar historicamente o Movimento da Reforma Psiquiátrica, a. No mundo, b. No Brasil. 3) Apresentar a atual Política Nacional de Saúde Mental no Brasil, problematizá-la em vista de sua implementação no Brasil e, particularmente em São Paulo, em suas diversas vertentes: atenção a adultos, atenção à infância e à adolescência, atenção a dependentes de álcool e outras drogas. 4) Problematizar as práticas psi como práticas de controle social e/ou como práticas de agenciamentos coletivos de produção de modos singularizantes de subjetivação. A noção de clínica ampliada. A questão da medicalização. 5) Apresentar como temas transversais a todos os outros: SUS; PNH; Política Pública/Política de Estado/Política de Governo; Inseparabilidade entre gestão e atenção, entre clínica e política – o caso das Organizações Sociais JUSTIFICATIVA A proposta desta disciplina é construir ferramentas conceituais que possibilitem a análise crítica das práticas em saúde mental, suas opções clínico-ético-políticas, suas funções e objetivos no cuidado com o sofrimento psíquico no campo da Saúde Pública. Para tanto, optou-se por recorrer à história do movimento da reforma psiquiátrica no mundo e no Brasil, delas extraindo os processos coletivos de produção de novos paradigmas de cuidado que culminaram na lei 10.216 de Abril de 2001 – a lei da Reforma Psiquiátrica – e nas diretrizes atuais do Ministério da Saúde para as Políticas Públicas em Saúde Mental. CONTEÚDO O percurso proposto parte da problematização do “objeto” das práticas psi, desnaturalizando os conceitos de doença mental e saúde mental, e percorre um caminho histórico-conceitual até chegar à proposição do conceito de subjetividade como a matéria prima das práticas psi. Este percurso se fará acompanhando diversos autores de diferentes áreas do conhecimento – filosofia, psiquiatria, psicanálise – tais como M. Foucault, F. Guattari, G. Deleuze, Jurandir Freire Costa, Joel Birman, Benilton Bezerra Jr., Abílio da Costa Rosa, Paulo Amarante e outros, bem como textos do próprio Ministério da Saúde. Tal percurso justifica-se pela mudança de paradigma operada pela Reforma Psiquiátrica Brasileira e seus efeitos nas atuais Políticas Públicas em Saúde Mental, temas que são parte constitutiva da disciplina. Os alunos serão convidados também a conhecer e apresentar seminários e/ou trabalhos sobre os diferentes equipamentos da rede de atenção à Saúde Mental, suas práticas e redes de cuidado: PSF/NASF, CAPS adulto, CAPSi, CAPS ad, Residência Terapêutica, Enfermaria psiquiátrica em Hospital Geral. Bibliografia Amarante, Paulo (coord.). Loucos pela vida – A Trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil. RJ: Fiocruz, 1995. Amarante, Paulo; Torre, Eduardo H. G. “Protagonismo e subjetividade: a construção coletiva no campo da saúde mental” in Ciência e Saúde coletiva, v. 6, RJ: 2001. Amarante, Paulo (org.) – Ensaios: Subjetividade, Saúde Mental, Sociedade. Editora Fiocruz, RJ, 2000. Amarante, Paulo (org.) – Psiquiatria Social e Reforma Psiquiátrica – Ed. Fiocruz, RJ, 1994. Assis, Machado – O Alienista - SP: Ática, 1991. Basaglia, Franco. As instituições da violência. Birman, Joel – “Freud e a crítica da razão delirante”, in Freud, 50 anos depois - org. Joel Birman, Relume- Dumará, RJ, 1989. Brasil. Ministério da Saúde. Saúde Mental no SUS: as novas fronteiras da Reforma Psiquiátrica - Consolidação do Modelo Territorial de Atenção Intersetorialidade Drogas & Vulnerabilidade Formação e Produção de Conhecimento para a Saúde Mental Pública -Relatório de Gestão 2007-2010 Ministério da Saúde – Janeiro de 2011 www.ccs.saude.gov.br/SAUDEMENTAL/INDEX.PHP Brasil. Ministério da Saúde. Relatório Final da IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial. Costa, Jurandir Freire – História da Psiquiatria no Brasil: um corte ideológico.RJ: Xenon, 1989. Cunha, M. Clementina Pereira – A Doença Mental na República. SP: Brasiliense, 1989. Delgado, Pedro Gabriel. “Saúde mental e pública para todos” . O Globo, 27/07/06. Foucault, Michel – História da Loucura na Idade Clássica.SP: Perspectiva, 1978. Foucault, M. A loucura só existe em uma sociedade. In Ditos e Escritos... Foucault, Michel – Microfísica do Poder - Edições Graal, RJ, 1979. Lancetti, Antonio – Clínica Peripatética Machado, Roberto – Ciência e Saber – A Trajetória da Arqueologia de Foucault. RJ: Graal, 1988. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras drogas. Saúde mental em dados 8 – 2003-2010 – Governo Lula. Ano VI, no. 8, janeiro de 2011. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Série B. Textos Básicos em Saúde. Caminhos para uma Política de Saúde Mental Infanto-Juvenil. Brasília. DF. 2005 Ministério da Saúde – Legislação em Saúde Mental – 1990-2002 – Brasília, DF Ministério da Saúde – A Declaração de Caracas. Pelbart, Peter Pál. Da clausura do fora ao fora da clausura. Rosa, Abílio da Costa; “O Modo psicossocial: Um paradigma das práticas substitutivas ao modo asilar”; in Amarante, Paulo (org.) – Ensaios: subjetividade, saúde mental, sociedade. Fiocruz. RJ. Santa Cruz, M. Angela – ‘Desafios da Clínica Contemporânea: Novas formas de “manicomialização”;in Fuks, Lucia B; Ferraz, Flávio, C. - O Sintoma e suas faces. SP: Escuta/FAPESP, 2006. - “O sujeito silenciado, uma crítica às práticas em Saúde Mental”; in Percurso, Revista de Psicanálise, no.9, Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. São Paulo, 1992. - “Avanços e desafios da IV Conferência Nacional de Saúde Mental - Intersetorial”, in “IV Conferência Nacional de Saúde Mental – I Intersetorial e a participação do Sedes”, 2010. www.sedes.org.br Tenório, Fernando – A psicanálise e a clínica da reforma psiquiátrica.RJ: Marca d’Água, 2001. DISCIPLINA 13: CLÍNICA NA REDE. PRÁTICAS E IMPASSES DO PENSAMENTO CLÍNICO NA REDE DE SAÚDE MENTAL PÚBLICA. (PARTE II) PROGRAMA OBJETIVOS Essa disciplina tem por objetivo propiciar a construção de um marco de referência para a reflexão sobre a prática clinica dentro das instituições que compõem a rede de saúde mental publica. JUSTIFICATIVA A segunda metade do século XX foi cenário de um abrangente movimento que propôs a mudança nas condições de olhar e tratar o doente mental, se desdobrando em inúmeras experiências e produções através do mundo ocidental. Nos Estados Unidos, Thomas Szasz escreveu A idade da Loucura e Irving Goffman sua obra capital Manicômios, prisões e conventos. Na França o grupo da revista Socialismo e Barbárie com o trabalho de Cornelius Castoriadis sobre o imaginário social, os trabalhos de Renée Loureau e Georges Lapassade, que inauguraram a corrente da Análise Institucional, Robert Castel e sua obra sobre o Psicanalismo e a Gestão dos Riscos, foram contribuições que abriram o pensamento sobre as instituições que regem às circulações do poder e do gozo na cultura ocidental. Temos assim, os trabalhos de Oury e Tosquelles, em Saint-Alban, nos anos de 40 e 50, que originaram o movimento da Psicoterapia Institucional e a Psiquiatria de Setor francesa, com o trabalho no hospital La Borde, onde Jean Oury, em 1960, instala um serviço pioneiro baseado nos princípios da psicoterapia institucional - local onde Felix Guattari desenvolveu sua experiência clínica e sua obra. Na Inglaterra, o movimento da Antipsiquiatria tem em David Cooper e Ronald Laing os seus mais conhecidos representantes, impulsores de uma prática clínica com pacientes psicóticos na clínica de Kingsley Hall, que atravessou o mundo. Já a Itália viu nascer o movimento de Desinstitucionalização de Franco Basaglia e Franco Rotelli, que revolucionou o panorama psiquiátrico italiano desde a abertura dos hospitais Psiquiátricos de Trieste e Gorizia, até chegar numa das primeiras - se não a primeira - lei de reforma psiquiátrica, em maio de 1978. É importante mencionar que a Itália se tornou um centro de formação para profissionais de toda parte do mundo, que buscaram tal experiência, dos quais inclusive muitos brasileiros, que ulteriormente foram atores do processo da Reforma Psiquiátrica no país, fizeram parte desse contingente. O processo da reforma psiquiátrica européia, sob o signo da extinção do hospital psiquiátrico, paradigma de segregação e desrespeito aos direitos humanos, marca os demais movimentos que se desenvolverão no mundo. Particularmente, a Reforma Psiquiátrica brasileira leva as marcas de essa influência, assim como de outras correntes - a psicanálise, o movimento de potencial humano, o psicodrama - que vieram se somar a uma construção do qual alcança seu ápice nos anos 80, dando origem a várias experiências setoriais, cujos produtos servirão de esteio para a atual política de saúde mental. Essa construção, cuja orientação fundamental reside na desconstrução das lógicas manicomiais que orientaram por muito tempo o tratamento reservado aos doentes mentais, incluindo ali a crítica ao próprio conceito de doença mental, produz em relação ao campo da clínica estas são algumas das questões que nortearam o conteúdo das aulas ao longo desta disciplina. CONTEÚDO O caminho metodológico escolhido consiste no trabalho sobre casos clínicos concretos, nascidos da prática dos integrantes do curso, que servirão de guia para integrar os elementos teóricos que recebem das disciplinas que compõem a grade curricular. Assim, pretende-se percorrer alguns elementos que perfazem o entendimento do campo da psicose, das formas possíveis de tratamento institucional de pacientes graves e desconstruir posições institucionais que obedecem a lógicas de ordem tecno- burocrático que são naturalizadas e frequentemente vão contra a realização das boas práticas terapêuticas, através de aulas expositivas e discussões teóricas. Os referenciais do trabalho serão tanto os operadores psicanalíticos - entendidos na direção da clinica ampliada-como os conceitos da analise institucional que alicerçarão a elucidação crítica das práticas desenvolvidas atualmente. Bibliografia Básica ONOCKO CAMPOS , R.. Clinica, a palavra negada - sobre as praticas clínicas nos serviços de saúde mental. Saúde em debate. Vol. 25 n.58 – R.J. Nov/dez 2001 FIGUEIREDO,A.C. 1997.Vastas confusões e atendimentos imperfeitos:a clinica psicanalítica no ambulatório público.R.J .Relume Dumará FIGUEIREDO A. C. & MACHADO, O. R. Diagnóstico em psicanálise: do fenômeno à estrutura. Cadernos IPUB, Rio de Janeiro, v. VI, n. 17, p. 124-30, abr./2000. FERNANDEZ,A.M.O campo grupal. São Paulo.Martins Fontes, 2007. LANCETTI,A.(Org) Saudeloucura no.1. São Paulo.Hucitec.1989 LANCETTI, A. BRAGACAMPOS, F.(Orgs) Saudeloucura no.9.São Paulo.Hucitec .2009. ANZIEU, D.KAES, R et al. El trabajo psicoanalítico en los grupos. Buenos Aires. Editorial Siglo XXI, 1975. DISCIPLINA 14: PSICOPATOLOGIA E TÉCNICA PSICANALÍTICA II - A SEXUALIDADE E A PULSÃO COMO PILARES DA TEORIA PSICANALÍTICA PROGRAMA OBJETIVOS Em continuidade à disciplina Psicopatologia e Técnica Psicanalítica I, esta disciplina também visa oferecer uma introdução a conceitos fundamentais da teoria psicanalítica com vistas a permitir uma compreensão da psicanálise como teoria psicopatológica, além de situar os alunos quanto à gênese e constituição da técnica psicanalítica, demonstrando, na obra de Freud, a relação necessária entre experiência clínica, investigação científica e reflexão e produção teóricas. Para tal, seu objetivo é: 1) introduzir a teoria da pulsão em Freud, demonstrando o lugar e a importância da sexualidade na constituição da mente humana e 2) introduzir a nosologia psicanalítica através da apresentação dos principais quadros psicopatológicos dentro de uma perspectiva histórica e, principalmente, freudiana. JUSTIFICATIVA Como já citado na justificativa da disciplina Psicopatologia e Técnica Psicanalítica I, a importância da psicanálise na história do pensamento e das ciências em geral, especialmente no campo da psicopatologia, faz com que o conhecimento de seu arcabouço teórico-clínico fundamental seja indispensável em um curso de formação em psicopatologia e saúde pública. Assim sendo, consideramos fundamental tanto a introdução da nosologia psicanalítica quanto a apresentação da teoria da pulsão que, além de ser um dos pilares clássicos dessa abordagem teórica desde Freud, é base de toda a psicopatologia psicanalítica, uma vez que é dos destinos da dualidade pulsional, como base do conflito psíquico, que se delineiam os quadros psicopatológicos vistos a partir dessa perspectiva teórica. Ou seja, para conhecer e trabalhar com esta psicopatologia é fundamental percorrer o caminho teórico freudiano, partindo da pulsão como esta foi pré-figurada com os conceitos de libido, libido psíquica, quantum de excitação, excitação exógena e endógena em direção à descoberta de um inconsciente baseado no recalque de fantasias sexuais infantis que forçou Freud a conceituar aquilo que ele chamará posteriormente de mitologia psicanalítica: o conceito de pulsão como conceito limite entre o físico e o psíquico. CONTEÚDO O programa da disciplina abordará uma pré-história do conceito de pulsão em Freud e quatro momentos constitutivos do campo do pulsional em psicanálise: 1) a formulação do dualismo pulsões de auto conservação vs pulsão sexual 2) a transformação em dualismo pulsões do eu vs pulsão sexual 3) o momento monista libido do eu vs libido do objeto 4) a última teoria pulsional: pulsões de vida vs pulsões de morte. 5) e, por fim, o programa também abordará um breve histórico da nosologia psicanalítica freudiana. O conteúdo será ministrado através de aulas teóricas e seminários de textos escolhidos. O programa da disciplina tem como pauta os seguintes pontos: A) Pré história do conceito de pulsão B) Freud: Introdução à primeira teoria pulsional: Três ensaios para uma teoria sexual C) Freud: Duas formulações sobre o acontecer psíquico D) Freud: Sobre a transmutação das pulsões em especial do erotismo anal E) Freud: Pulsões e suas vicissitudes F) Freud: Introdução ao Narcisismo G) Freud: Introdução às várias versões sobre a última teoria pulsional freudiana: Mais além do princípio do prazer, O eu e o isso, O problema econômico do masoquismo e Mal estar na civilização. H) Freud psicopatólogo: brevíssimo panorama da semiologia e nosografia freudianas: 1) a concepção de neurose de transferência: histeria, neurose obsessiva e fobia (histeria de angústia); 2) a melancolia e a depressão: a noção de trabalho psíquico tendo o trabalho do luto como paradigma; 3) as psicoses e as perversões em uma perspectiva psicanalítica; Bibliografia CROMBERG, R.U.(2000) Paranoia. São Paulo, Casa do Psicólogo FREUD, S. (1973) Obras Completas, v. I, II, III. Madrid, Biblioteca Nueva - Las neuropsicoses de defensa (1894). In Obras Completas, v. I - Estudios sobre la histeria.(1895). In Obras Completas, v. I - Proyeto para uma psicologia para neurologos (1895). In Obras Completas, v. I - Tres ensayos para una teoria sexual (1905). In Obras Completas, v. II - Dos formulaciones sobre el suceder psíquico (1911). In Obras Completas, v. II - Concepto psicanalítico de las perturbaciones psicógenas de la vision (1910). In Obras Completas, v. II - Introducción al Narcisismo (1914). In Obras Completas, v.II - Sobre la transmutacion de las pulsiones en particular del erotismo anal (1914). In Obras Completas, v.II - La pulsion e sus vicissitudes ( 1915). In Obras Completas, v.II - Mas allá del principio del placer (1920). In Obras Completas, v. III - El “yo” y el “ello” (1923). In Obras Completas, v. III - El problema economico del masoquismo(1924). In Obras Completas, v. III - El Malestar en la cultura (1929-1930). In Obras Completas, v. III FREUD,S. (1983) Las origines del psicoanálisis (1897-1902). Madrid, Aliança Bibliografia Complementar GARCIA-ROSA, L.A. (1986) Acaso e repetição em psicanálise. Rio de Janeiro, Zahar. MASOTTA. O. (1986) Dualidade Pulsional – O modelo pulsional. Campinas, Papirus. Nasio, J.D. O prazer de ler Freud, Rio de Janeiro, Zahar. PLON, M. e ROUDINESCO, E. (1998) Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro, Jorge Zahar PONTALIS, J.B. e LAPLANCHE, J. (1970) Dicionário de Psicanálise. São Paulo, Martins Fontes ROBERT, M. (1976) A revolução psicanalítica. São Paulo, Martins Fontes LIMA, Alcimar (1995) Pulsões. Petrópolis, Vozes DISCIPLINA 15: PSICOPATOLOGIA FENÔMENO-ESTRUTURAL PROGRAMA OBJETIVOS A psicopatologia encontra-se numa condição ímpar dentro do espectro das ciências. Devido ao seu estatuto singular, filiada simultaneamente às ciências naturais e às ciências humanas, sua história revela menos um avanço linear conduzido pela natural evolução científica do que movimentos heterogêneos, marcados pelas opções epistemológicas adotadas pelas diversas correntes que a compõem. É, portanto, antes de tudo, uma história das hegemonias epistemológicas da cultura ocidental. Neste sentido, nosso curso propõe-se a examinar, do ponto de vista epistemológico, as regras que nortearam a construção das categorias psicopatológicas desde a sua constituição primeira como ciência, no final do século XIX, com a obra de Kraepelin. Dividindo as psicopatologias em dois eixos, um eixo da estabilidade e um eixo da transformação, percorreremos a literatura psicopatológica destacando como cada eixo orientou seus conceitos de modo a servir seus propósitos epistemológicos. JUSTIFICATIVA A noção de uma ciência única, validada por critérios universais e claramente estabelecidos vem se constituindo numa marca da ciência contemporânea. A incorporação crédula desta afirmação, despida de qualquer olhar crítico, pode transformar a ciência em instrumento ideológico a serviço de interesses não manifestos. Nosso curso justifica-se como abertura reflexiva contraposta a um olhar monolítico de ciência, fornecendo aparelhagem crítica para que o estudante possa constituir concepções próprias a respeito dos jogos de influências subjacentes ao fazer científico. CONTEÚDO O programa da disciplina se desenvolve através da constituição de dois eixos psicopatológicos: eixo da estabilidade e eixo da transformação. Situaremos as diversas psicopatologias examinadas a partir desta dupla arregimentação, postulando que a procura pela estabilidade ou o anseio pelo conhecimento das transformações tenham sido os fios condutores de cada um dos dois grupos psicopatológicos. Para isto, serão examinados textos que melhor representem cada um destes eixos, respeitando um desenvolvimento temporal e centrando-se nos seguintes autores: A. EIXO DA ESTABILIDADE Emil Kraepelin Eugen Bleuler Critérios Diagnósticos do DSM-IV B. EIXO DA TRANSFORMAÇÃO Karl Jaspers Eugene Minkowsky Bibliografia (em conformidade aos pontos programáticos da disciplina): A. EIXO DA ESTABILIDADE Kraepelin, E. Psiquiatria Geral, Bleuler E. Tratado de Psiquiatria Associação Psiquiátrica Norte-Americana. Critérios Diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais. 4a edição. Artes Médicas, Porto Alegre, 1995 B. EIXO DA TRANSFORMAÇÃO Jaspers, K. Psicopatologia General. Fondo de Cultura Econômica. México. 2ª edição, 1996 Minkowski, E. Traité de Psychopathologie, PUF, 1966. Genética em Psiquiatria. DISCIPLINA 16: GENÉTICA EM PSIQUIATRIA PROGRAMA OBJETIVOS Apresentar os principais conceitos da genética e debater sobre a sua influência nas ciências da saúde e em particular na psiquiatria JUSTIFICATIVA Um grande número de estudos genéticos tem demonstrado a importância do componente genético para o desenvolvimento de vários transtornos psiquiátricos. Apesar disso, nao podemos nos esquecer da participacao do meio ambiente modelando nosso genoma. Com base em publicacoes nacionais e internacionais, estudaremos os avancos no conhecimento destes dois fatores, genetica e meio ambiente, na formacao das diversas psicopatologias CONTEÚDO Serão discutidos os seguintes tópicos durante as aulas: 1. Aspectos gerais de Neurobiologia e neurofisiologia do comportamento 2. Genética Clássica 3. Genética Molecular 4. Diversidade Genética e evolução 5. Estudos do Genoma humano 6. Epigenetica e meio ambiente 7. Métodos de análise genética em psicopatologias 8. Modelos animais de psicopatologias 9. Marcadores e aconselhamento genetico em psicopatologias-Considerações e questões éticas 10. Farmacogenética em psiquiatria 11. Genética da esquizofrenia e outros transtornos delirantes 12. Genética dos transtornos de humor 13. Genética do abuso de drogas e compulsoes 14. Genética das demências 15. Genétiva dos atrasos no desenvolvimento e transtornos psiquiaáricos da infância Bibliografia Básica Kapczinski et al. Bases Biologicas dos Transtornos Psiquiatricos, 2a ed. Artmed, 2004 McGuffin et al. Psychiatric, Genetics & Genomics. Oxford University Press, 2002. Nurnberger and Berrettini. Psychiatric Genetics, Chapman & Hall Medical, 1998. |
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Carga Horária: |
120 horas |
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Tipo: | Obrigatória | ||||
Vagas oferecidas: | 55 | ||||
Ministrantes: |
Alberto Olavo Advincula Reis Fernando Sauerbronn Gouvêa Isabel Victoria Marazina Maria Angela Santa Cruz Renata Udler Cromberg Rosa Maria Rodrigues Pinto Santos Castro |
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