Atividade

55305 - Módulo 2 Aprofundamentos em psicopatologia e introdução a questão da ética em Saúde Mental

Período da turma: 04/08/2014 a 27/11/2014

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Descrição: DISCIPLINA 5: PSICOPATOLOGIA E TÉCNICA PSICANALÍSITA I - O CONCEITO DE INCONSCIENTE COMO PILAR DA TEORIA PSICANALÍTICA

PROGRAMA
OBJETIVOS
Trabalhando essencialmente com o texto freudiano, esta disciplina visa oferecer uma introdução a conceitos fundamentais da teoria psicanalítica com vistas a permitir uma compreensão da psicanálise como teoria psicopatológica, além de situar os alunos quanto à gênese e constituição da técnica psicanalítica, demonstrando, na obra de Freud, a relação necessária entre experiência clínica, investigação científica e reflexão e produção teóricas. O objetivo principal do curso é fazer da leitura minuciosa da Interpretação dos Sonhos uma introdução ao campo psicanalítico. Apresentaremos o campo psicanalítico de modo análogo à forma como é apresentado por Freud neste livro, isto é, não tanto a partir da sua dimensão meramente técnica, mas sim, a partir de uma atitude singular do autor diante de suas ocorrências psíquicas e que se caracteriza por ser reflexiva. Por isso, também será objetivo do curso perguntar pelas especificidades do ato reflexivo psicanalítico: o que ocorre quando se vai em busca de si mesmo no campo psicanalítico? A proposta é a de transmitir uma psicanálise desprovida de uma suficiência dogmática e também mostrar que não existe psicanálise sem biografia: a psicanálise é uma ciência do singular; uma ciência do microcosmo pessoal. Na Interpretação, estão registrados duzentos e vinte e três sonhos. Quarenta e sete são de Freud, cento e setenta e seis de amigos e pacientes. Por isso, deveremos também trabalhar para entrelaçar sonho e vida a ponto de, como faz Freud em sua obra magna, conceber a intimidade do homem como sendo um sonho. A biografia de Freud deve ganhar destaque. Um último objetivo é por de manifesto o jogo de forças psíquicas que nos mobiliza e desmobiliza, a partir das descobertas da Interpretação.

JUSTIFICATIVA
Considerando a importância da psicanálise na história do pensamento e das ciências em geral, especialmente no campo da psicopatologia, considerando que a dimensão das contribuições psicanalíticas para este campo científico só pode ser alcançada a partir do conhecimento de seu arcabouço teórico-clínico fundamental e, por fim, considerando que a melhor e mais clara introdução ao campo psicanalítico é exatamente a obra de seu fundador, acreditamos que um percurso através dos escritos de Freud é essencial para qualquer estudioso da área, sendo, portanto, indispensável em um curso de formação em psicopatologia. Para introduzir as contribuições freudianas fundamentais, pode ser extremamente rico e produtivo partir da obra que o fundador da psicanálise considerou a sua contribuição mais importante para o campo da ciência psicopatológica, ou seja, a Interpretação dos Sonhos na qual somos introduzidos tanto ao conceito de inconsciente como ao percurso genético de constituição do aparelho psíquico tal como proposto pela teoria psicanalítica, pilares básicos desta abordagem psicopatológica.

CONTEÚDO
a) a noção de inconsciente: sua gênese e desenvolvimento em Freud; discussão das noções fundamentais conexas de processo primário e secundário, condensação e deslocamento;
b) o aparelho psíquico e seu funcionamento, especialmente a 1ª tópica freudiana; a questão do conflito psíquico como imanente à constituição do psiquismo; os conceitos de defesa e recalque;

Roteiro de leitura de A Interpretação dos Sonhos

I Flectere si nequeo superos, Acheronta movebo (Virgílio)
Por em evidencia a singularidade formal da Interpretação dos Sonhos: autor e personagem
envolvidos como Dante na Divina Comédia. Para atravessar o inferno, Dante estende a mão
a Virgílio: a auto-análise de Freud (a relação de Freud com Flies).

II A Literatura Cientifica que trata dos Problemas de Sonhos
A nossa intimidade concebida como sonho:
“na vigília pensamos com conceitos ao sonhar com imagens”
Fisiologia psíquica ou o estudo da mecânica da intimidade;
Para que nos aproximamos da intimidade do outro?
O que é um mecanismo psíquico?

III O Método de Interpretar Sonhos: O sonho de Irma
O sintoma histérico.
A experiência de Freud com Charcot: o fenômeno psíquico e seu impacto corporal;
Nossa intimidade: uma construção em confronto com o mundo externo?
O modelo catártico.

IV Um sonho é a Realização de um Desejo
O que orienta nossa intimidade?
O que organiza nossa intimidade?
O sonho é uma manifestação orgânica ou psíquica ou psíquica/orgânica ou orgânica/psíquica?
O que desejamos intimamente? Falar do que normalmente não falamos;
A ambição, a inveja, a necessidade, o prazer, o desejo;
A intimidade é um estado conflitivo?
A intimidade sepultada no mutismo.

V O material e as fontes dos Sonhos
Tempo, memória e desejo: os espelhos reflexivos da nossa intimidade
As vozes da intimidade
Voz interna e consciência
O que impulsiona nossa voz?
Existe algo para além da voz? O pressentimento.
O silencio na intimidade.
Do que se alimenta nossa intimidade?

VI A Elaboração dos Sonhos
Condensação, deslocamento e elaboração secundária: a expressão;
Formas expressivas na arte;
A linguagem da intimidade se manifesta na intimidade da linguagem; isto é, no interior da língua;
A estranha materialidade de nossa intimidade: a lei;
Não se trata de formular uma teoria geral das emoções, mas de escutar na emoção o efeito
necessário da comunicação do corpo com a alma e da alma com o corpo.

VII A Psicologia dos Processos Oníricos
O que é um modelo?
Do que precisa dar conta um modelo da alma psicanalítico?
A mecânica da alma;
O modelo freudiano da alma humana: a primeira tópica.

Bibliografia
Esta matéria terá como bibliografia básica as obras completas de Sigmund Freud (versão
brasileira, Editora Imago, Rio de Janeiro), das quais destacaremos, em função dos pontos
programáticos, alguns textos essenciais, que serão trabalhados no todo ou em parte e não
obrigatoriamente na ordem aqui apresentada:
A Interpretação dos Sonhos (1900)
Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental (1911)
O inconsciente (1915) Suplemento metapsicológico à teoria dos sonhos (1915)
Uma nota sobre o bloco mágico (1925)
O Ego e o Id (1923)
Psicologia de grupo e a análise do ego (1921)
Repressão (1915)
Inibições, sintoma e angústia (1926)
Conferências Introdutórias à Psicanálise – nº XXV – A angústia (1917)
Mezan, R. Freud, Pensador da Cultura. Editora Companhia das Letras, SP, 2006
Masson, R. (org.) A correspondência Completa de Sigmund Freud para Wilhelm Fliess(1887-1904). Ed. Imago, RJ, 1986.
Garcia-Roza, L A Freud e o Inconsciente. Ed. Zahar, Rio de Janeiro.


DISCIPLINA 6: INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA PRÉ E PERI-NATAL

PROGRAMA
OBJETIVOS
1. O estudo do desenvolvimento primitivo do ser humano, anterior ao nascimento, partindo da premissa de que a fase embrionária fetal é de decisiva importância para a futura condição física e psíquica na vida pós-natal.

2. Procurar identificar e esclarecer os componentes etiológicos primários que estão na patogenia da psicose infantil e autismo.

3. Relacionar essas descobertas com o que se revela na clínica psicanalítica, no atendimento de pacientes seriamente perturbados que, em momentos de intenso sofrimento psíquico, regridem a funcionamentos próprios do psiquismo fetal.

JUSTIFICATIVA
O nascimento não significa que a vida orgânica esteja iniciando, mas prosseguindo em continuidade com a vida embrionária fetal. Ao nascer, a qualidade do corpo que o bebê desenvolveu durante a essa etapa, sua condição de saúde e vitalidade serão fundamentais para que ele possa assumir a totalidade das suas funções. Quando algo não andou bem durante essas fases, verificam-se conseqüências orgânicas das mais variadas intensidades. Equiparando-se o acima exposto à parte mental, inferimos que ocorre o mesmo, estabelecendo-se aí os alicerces da psicose.
Com os atuais avanços das ciências médicas e tecnológicas, muita luz tem sido lançada sobre os mistérios da vida fetal. Graças a ultrassonografia fetal, agora sabemos muito mais a respeito do seu desenvolvimento. Temos, hoje, a oportunidade de ver o que ocorre no útero sem interferir no desenvolvimento normal do bebê; isso tem posto em evidência a existência de um psiquismo no feto; já existem pesquisas evidenciando a sofisticação da sua percepção, da sua capacidade motora, assim como a crescente complexidade do seu aparato mental.

CONTEÚDO
- Projeções em vídeo de imagens ultrassonográficas de fetos nas diferentes etapas da gestação.
- Estudo sobre a evolução do pensamento humano a respeito da vida intra-uterina.

A) Estudos pré-científicos

B) Pensamentos científicos: contribuições da etologia; contribuições dos psicanalistas - Freud, Rank, Klein, Rascovsky, Aray, Kanner, Bion, Balint, Winnicott, Mahler, Tustin, Meltzer e Piontelli.

C) Contribuições da ultrassonografia: Apresentação de casos.
- Etiologia e patogenia das psicoses infantis e autismo, através de abordagem multidisciplinar.

Toda a programação será desenvolvida com a participação dos alunos em discussão de casos, procurando estabelecer a relação entre a teoria e a clínica, assim como abertura para a busca de medidas preventivas de saúde mental e para questionamentos sobre a eficiência das técnicas psicoterápicas.

Bibliografia (em conformidade aos pontos programáticos da disciplina):
BALINT M: A Falha Básica: aspectos terapêuticos da regressão. Porto Alegre, Artes Médicas, 1993.
FREUD S: A interpretação dos Sonhos. Edição Standard Brasileira. Vol. 4/5, Rio de Janeiro, Imago, 1972.
FREUD S: Psicopatologia da Vida Cotidiana. Edição Standard Brasileira, vol 6, Rio de Janeiro, Imago, 1972.
FREUD S.: Psicoanálisis: cinco conferências pronunciadas en la Clark University, USA. Obras Completas, vol. 2. Madrid, Biblioteca Nueva, 1981.
FREUD S.: Totem e Tabu. Ed. Standard Brasileira, vol .13, Rio de Janeiro, Imago, 1974.
FREUD S.: Lo Siniestro. Obras completas, vol. 3. Madrid, Biblioteca Nueva, 1981.
FREUD S.: O ego e o id. Ed. Standard Brasileira, vol. 19. Rio de Janeiro, Imago, 1976.
FREUD S.: O Futuro de uma Ilusão. O Mal-estar na Civilização e Outros Trabalhos. Ed. Standard Brasileira, vol. 21. Rio de Janeiro, Imago, 1974.
FREUD S.: Novas Conferências Introdutórias sobre Psicanálise. Ed. Standard Brasileiras, vol. 22. Rio de Janeiro, Imago, 1973.
FREUD S.: Além do Princípio do Prazer. Ed. Standard Brasileira, vol. 18. Rio de Janeiro, Imago, 1920, pp. 50 e 55.
FREUD S.: Inibição, Sintoma e Angústia. Ed. Standard Brasileira, vol. 14. Rio de Janeiro, Imago, 1926, pp. 94-5.
FREUD S.: El Yo y el Ello. Obras completas, vol. IX. B. Aires, Santiago Rueda, 1953, pp. 203-4.
FREUD S.: Metapsicologia. Lo Inconsciente. Obras completas, vol. IX. B. Aires, Santiago Rueda, 1953, p. 156.
KLEIN M, HEIMANN P, ISAACS S & RIVIERE J: Os Progressos da Psicanálise. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1952.
MAZET P & STOLERU S: Manual de Psicopatologia do recém-nascido. Porto Alegre, Artes Médicas, 1990.
MAZET P & LEBOVICI S: Autismo e Psicoses da Criança. Porto Alegre, Artes Médicas, 1991.
PIONTELOLLI A: De Feto a Criança. Um estudo observacional e psicanalítico. Rio de Janeiro, Imago, 1995.
RASCOVSKY A, RASCOVSKY M, ARAY J, KALINA E, KIZER M & SZPILKA J: Niveles Profundos del Psiquismo. Buenos Aires, Editorial Sudamericana, 1971.
SOUZA DIAS T.G.: Considerações sobre o Psiquismo do Feto. 2ª ed., São Paulo, Escuta, 1999.
TUSTIN F: Autismo e Psicose Infantil. Rio de Janeiro, Imago, 1975 .
TUSTIN F: Estados Autísticos em Crianças. Rio de Janeiro, Imago, 1984.



DISCIPLINA 7: BIOÉTICA E SAÚDE MENTAL

PROGRAMA
OBJETIVO
Sabemos que em ética não existe certo e errado absoluto, mas será a articulação da moral social com os valores pessoais que dará o limite para a atuação ética.
A disciplina Bioética e Saúde Mental tem por objetivo apresentar os principais conceitos da bioética e da saúde mental e propor uma reflexão dos aspectos éticos envolvidos nas relações humanas na área de saúde mental.


CONTEÚDO
Serão discutidos os seguintes tópicos durante as aulas:

1. Saúde Mental: Histórico e Conceitos
2. Da Ética à Bioética
3. Ética das Relações
4. Aspectos Éticos da Relação Profissional de Saúde Mental-Paciente
5. Saúde Mental e Justiça
6. O Profissional de Saúde Mental no Tribunal
7. Bioética, Saúde Mental e Violência

Bibliografia
BEAUCHAMP TL, CHILDRESS JF. Principles of biomedical ethics. 4 Ed.. New York: Oxford University Press; 1994.
GARRAFA V, PESSINI L (organizadores). Bioética: poder e injustiça. São Paulo: Edições Loyola; 2003.
COHEN, C. O incesto um desejo. São Paulo, Casa do Psicólogo, 1993.
COHEN, C. Reflexões sobre a atitude ética do médico enquanto profissional. São Paulo, 1996. Tese [Livre Docência] Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo
COHEN, C.; FERRAZ, F. C.; SEGRE, M. Saúde Mental, Crime e Justiça. São Paulo, EDUSP, 1996.
COHEN, C.; GOBBETTI, G. J. “Ética profissional: herdeira das relações familiares”. in GROENINGA, G.C.; PEREIRA, R.C.(orgs.) Direito de Família e Psicanálise Rio de janeiro, Imago, 2003.
COSTA SIF, GARRAFA V, OSELKA G. Apresentando a bioética. In: Iniciação à Bioética. Brasília: Conselho Federal de Medicina; 1998.
GOBBETTI, G.J.; COHEN, C. “Saúde mental e justiça: o atendimento a famílias incestuosas” in PACTO SP(org.) Compreendendo a violência sexual infanto juvenil numa perspectiva multidisciplinar . São Paulo, 2002.
SEGRE, M.; COHEN, C. Bioética. São Paulo, EDUSP, 1995.



DISCIPLINA 8: PSICANÁLISE E SAÚDE PÚBLICA

PROGRAMA
OBJETIVOS
A disciplina tem como objetivo estabelecer a interface entre os campos de reflexão e ação da Saúde Pública e da Psicanálise. Para tanto, partirá da discussão dos fundamentos epistemológicos desses dois espaços e dos métodos e teorias que os sustentam.

JUSTIFICATIVA
As políticas públicas voltadas à criança e ao adolescente receberam uma resposta operária no campo da saúde pública. No tocante à saúde mental desses extratos populacionais, uma série de iniciativas pioneiras estão sendo levadas a termo em que pese sua insipiência. A psicanálise, quer pela sua fecundidade, quer pela sua vocação inicial, tem importante papel a desempenhar junto aos equipamentos sociais voltados à atenção da criança e do adolescente em estado de sofrimento psíquico. Assim, a presente disciplina se justifica por discutir e analisar as condições dessa inserção.

CONTEÚDO
A disciplina será desenvolvida em duas partes:
• Conceitos fundamentais.
• Elementos da história da Saúde Pública
• O Grupo Materno-Infantil
• Transição epidemiológica e advento das Ciências Humanas na Saúde Pública
• Psicanalistas e dentistas: herdeiros da medicina liberal do séc. XIX
• É a psicanálise social?
• Sonho como mito do indivíduo e Mito como sonho dos povos: questão de método
• As obras culturais de Freud e seus significados.

II. A Psicopatologia da Ética
• A criança e o adolescente como sujeitos de direito.
• A psicanálise como clínica da palavra e da responsabilidade.
• Formações psicopatológicas da criança e do adolescente.
• A criança na família e nas instituições.

Bibliografia (em conformidade aos pontos programáticos da disciplina):
FOUCAULT, M. (1974) Saúde e Loucura
FREUD, S. (1985) Totem e tabu, Imago, RJ
KEHL, M.R. (2000) Função paterna, R.J, Releme Damará, R.J.
Mental Health: new understanding, new hope. (2001) França: World Health Organization.
LASCH, C. Refúgio no mundo sem coração, (1986), Paz e Terra, R.J.
Programa Agentes Comunitários de Saúde – PACS (2000) Brasília: Ministério da Saúde.
Ações prioritárias na atenção básica em saúde. (2000) Secretaria executiva. Brasília: Mistério da Saúde.
Programa de Saúde da Família. (1994) Brasília: Ministério da Saúde.
Revista Brasileira de Saúde da Família. (2000) Brasília: Ministério da Saúde.
Revista da Saúde Pública, 32 (4); pp. 299-316.
Revista Brasileira de Saúde da Família. (1999) Brasília: Ministério da Saúde.
Revista USP nº 43 (1999) Psiquiatria e Saúde Mental. São Paulo, setembro/novembro.
ROSEN, G. (1994) Uma história da saúde pública. São Paulo: Edunesp, Hucitec e Abrasco.
TRAD, L. A. B. e BASTOS, A.C. de S. (1998) “O impacto sócio-cultural do Programa de Saúde da Família (PSF): uma proposta de avaliação” in Cadernos de Saúde Pública, RJ, 14 (2), abr-jun, 1998; pp. 429-435.
BLEGER, j. (1988) Psico-higiene e psicologia institucional. Porto Alegre: Artes Médicas.
CAMPOS, G. W. DE Sousa (1992) “Modelos de atenção em saúde pública: um modo mutante de fazer saúde” in Saúde em Debate, no 37/dez 92; pp. 16-19.
Carta de Otawa (1986) Organização Mundial de Saúde.
DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA – Secretaria de Políticas de Saúde (2000).
“Programa de Saúde da Família” in Revista de Saúde Pública, 34 (3); pp. 316-319.
DIMITROV, P. (2000) “Saúde da família sim! E daí?” in Revista Momento APSP, dez/2000.
ENGELS, F. A origem da família, da propriedade e do Estado
FERNANDES, M. I. A. (1999) “Saúde mental: a clausura de um conceito” in Revista USP nº 43 “ Psiquiatria e Saúde Mental”, pp.90-99.
FORATTINI, O. P. (2000) “A saúde pública no século XX” in Revista de Saúde Pública, 34 (3); pp. 211-213.
FOUCAULT, M. História da sexualidade. Vol.2 O uso dos prazeres. III. Econômica I. A sabedoria do casamento., 1990, R.J., Graal.
FOUCAULT, M. História da sexualidade. Vol.3. O /cuidado de si III. Eu e o os Outros. O papel matrimonial. V. A Mulher. 1. O vínculo conjugal. 2. A questão do monopólio. 3. Os prazeres do casamento, 1985, R.J., Graal.
GREGORI, M. F. Desenhos familiares: pesquisa sobre crianças e adolescentes de rua.


DISCIPLINA 9: A PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL DIANTE DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES

PROGRAMA
OBJETIVOS
Esta disciplina pretende abordar, do ponto de vista psicanalítico, os transtornos da alimentação da primeira infância, a anorexia e a bulimia como distúrbios da oralidade e refletir sobre o tratamento dessas manifestações psicopatológicas.

JUSTIFICATIVA
Os transtornos alimentares têm aumentado muito na últimas décadas, principalmente, entre crianças e adolescentes. A problemática alimentar/oral apresenta-se, na maioria dos casos, como uma relação aditiva, vinculada a conformações familiares específicas, comprometendo o desenvolvimento do sujeito e solicitando uma abordagem multiprofissional para o seu tratamento.

CONTEÚDO
Inicialmente, a anorexia e a bulimia serão estudadas como transtornos alimentares, principalmente, sob o ponto de vista psiquiátrico do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais na sua quarta edição, o DSM IV e da Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento do CID-10, da Organização Mundial da Saúde. Em seguida, se verá como o critério diagnóstico que indica haver “uma distorção da imagem corporal” nesses pacientes pode ser aprofundado e ampliado. Não se tratará da compreensão da imagem distorcida como uma visão distorcida da realidade, e sim, da imagem metafórica que relaciona o sujeito ao outro. Valendo-se de questões suscitadas a partir de exemplos clínicos e da leitura de autores que tratam do tema, propõe situar o problema psicopatológico da anorexia e da bulimia relacionando-as às adições e à concepção freudiana da melancolia e do ideal do ego. A noção de oralidade torna-se pertinente para a compreensão dessas manifestações psicopatológicas e reflete sobre o enquadre, a técnica e a transferência.

Pontos Programáticos:
1. Os transtornos da alimentação da primeira infância

2. Anorexia e bulimia como transtornos alimentares:
- A abordagem psiquiátrica
- A abordagem psicodinâmica
- A imagem corporal

3. Clínica: apresentação de fragmentos clínicos e discussão em grupo

4. Anorexia e bulimia como distúrbios da oralidade:
- Anorexia e bulimia como adições
- Anorexia, bulimia e sua relação com a melancolia
- O Ideal anoréxico X culpa bulímica: diferenças entre anorexia e bulimia

5. O tratamento dos distúrbios da oralidade:
- O tratamento multiprofissional – o tratamento compartilhado.
- A importância da clínica da anorexia e da bulimia para a clínica em geral
- A maleabilidade do enquadre psicoterapêutico.

Bibliografia (em conformidade aos pontos programáticos da disciplina):
1. 1. Os transtornos da alimentação da primeira infância:
1. 1. Kreisler, L., Fain, M., Soulé, M. A criança e seu corpo. Psicossomática
da primeira infância. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1981.
2. 2. Anorexia e bulimia como transtornos alimentares:
2. 1. Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM IV),
Porto Alegre, Artes Médicas, 1991.
2. 2. CID-10
2. 2. Bruch, Hilde. Eating Disorders - Obesity, Anorexia Nervosa and Person
Within, Basic Books, harper Torchbooks, 1973.
2. 2. Lasègue, Charles. "Da Anorexia Histérica", in: Revista Latinoamericana
de Psicopatologia Fundamental, Ano I, vol. I, no.3, Setembro de 1998,
p.158-171.

3. A imagem corporal:
3. 1. Dolto, Françoise. A imagem Inconsciente do corpo, São Paulo, Ed. Perspectiva, 1984.
3. 2. Freud, S. “Sobre o Narcisismo uma introdução”, in: Edição Standard das Obras Completas de Sigmund Freud, vol.XVI, Rio de Janeiro, Imago, p.85-119.
3. 3. Bastos, Liana Albernaz de Melo. Eu-corpando: o ego e o corpo em Freud, São Paulo, Escuta, 1998.
3. 4. Green, André. Narcisismo de Vida, Narcisismo de Morte, São Paulo, Escuta, 1988.
3. 5. Aulagnier, Piera. “Nascimento de um corpo, origem de uma história”, in: Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, Ano II, vol.II no.3, Setembro de 1999.

4. Anorexia e bulimia como distúrbios da oralidade:
4. 1. Scazufca, Ana Cecília Magtaz. “Abordagem Psicanalítica da Anorexia e da Bulimia como Distúrbios da Oralidade”, Dissertação de Mestrado apresentada à Banca Examinadora em 29/10/1998 na PUC/SP, sob a orientação do Prof. Dr. Manoel Tosta Berlinck.
4. 2. Urribarri, Rodolfo(org). Anorexia e Bulimia, São Paulo, Escuta, 1999.
4. 3. Bidaud, Eric. Anorexia Mental, ascese, mística: uma abordagem psicanalítica, Rio de Janeiro, Companhia de Freud, 1998.
4. 4. Freud, S. “Luto e Melancolia”, in: Edição Standard das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. XIV, Rio de Janeiro, Imago, p. 275-291.
4. 5. Freud, S. “O Ego e o Id”, in: (E.S.B.), vol. XIX, Rio de Janeiro, Imago, p. 25-89.

5. O tratamento dos distúrbios da oralidade:
5. 1. Victoi, Anna. “Cybelle: o tratamento de uma adolescente anoréxica”. In: Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, Ano IV, vol. IV, no.3, Setembro de 2001, p.89-115.
5 .2. Enriquez, Micheline. Nas Encruzilhadas do Ódio: paranóia, masoquismo e apatia. São Paulo, Escuta, 1999:
Cap. 3: “Harmonia e desarmonia no tratamento”, p.197-202.
Cap. 4: “Desinvestimento e ódio de transferência”, p.203-219



DISCIPLINA 10: CLÍNICA NA REDE. PRÁTICAS E IMPASSES DOS PENSAMENTO CLÍNICO NA REDE DE SAÚDE MENTAL PÚBLICA (PARTE I)

PROGRAMA
OBJETIVOS
Essa disciplina tem por objetivo propiciar a construção de um marco de referência para a reflexão sobre a prática clinica dentro das instituições que compõem a rede de saúde mental publica.

JUSTIFICATIVA
A segunda metade do século XX foi cenário de um abrangente movimento que propôs a mudança nas condições de olhar e tratar o doente mental, se desdobrando em inúmeras experiências e produções através do mundo ocidental.
Nos Estados Unidos, Thomas Szasz escreveu A idade da Loucura e Irving Goffman sua obra capital Manicômios, prisões e conventos. Na França o grupo da revista Socialismo e Barbárie com o trabalho de Cornelius Castoriadis sobre o imaginário social, os trabalhos de Renée Loureau e Georges Lapassade, que inauguraram a corrente da Análise Institucional, Robert Castel e sua obra sobre o Psicanalismo e a Gestão dos Riscos, foram contribuições que abriram o pensamento sobre as instituições que regem às circulações do poder e do gozo na cultura ocidental.
Temos assim, os trabalhos de Oury e Tosquelles, em Saint-Alban, nos anos de 40 e 50, que originaram o movimento da Psicoterapia Institucional e a Psiquiatria de Setor francesa, com o trabalho no hospital La Borde, onde Jean Oury, em 1960, instala um serviço pioneiro baseado nos princípios da psicoterapia institucional - local onde Felix Guattari desenvolveu sua experiência clínica e sua obra. Na Inglaterra, o movimento da Antipsiquiatria tem em David Cooper e Ronald Laing os seus mais conhecidos representantes, impulsores de uma prática clínica com pacientes psicóticos na clínica de Kingsley Hall, que atravessou o mundo. Já a Itália viu nascer o movimento de Desinstitucionalização de Franco Basaglia e Franco Rotelli, que revolucionou o panorama psiquiátrico italiano desde a abertura dos hospitais Psiquiátricos de Trieste e Gorizia, até chegar numa das primeiras - se não a primeira - lei de reforma psiquiátrica, em maio de 1978. É importante mencionar que a Itália se tornou um centro de formação para profissionais de toda parte do mundo, que buscaram tal experiência, dos quais inclusive muitos brasileiros, que ulteriormente foram atores do processo da Reforma Psiquiátrica no país, fizeram parte desse contingente.
O processo da reforma psiquiátrica européia, sob o signo da extinção do hospital psiquiátrico, paradigma de segregação e desrespeito aos direitos humanos, marca os demais movimentos que se desenvolverão no mundo.
Particularmente, a Reforma Psiquiátrica brasileira leva as marcas de essa influência, assim como de outras correntes - a psicanálise, o movimento de potencial humano, o psicodrama - que vieram se somar a uma construção do qual alcança seu ápice nos anos 80, dando origem a várias experiências setoriais, cujos produtos servirão de esteio para a atual política de saúde mental.
Essa construção, cuja orientação fundamental reside na desconstrução das lógicas manicomiais que orientaram por muito tempo o tratamento reservado aos doentes mentais, incluindo ali a crítica ao próprio conceito de doença mental, produz em relação ao campo da clínica estas são algumas das questões que nortearam o conteúdo das aulas ao longo desta disciplina.

CONTEÚDO
O caminho metodológico escolhido consiste no trabalho sobre casos clínicos concretos, nascidos da prática dos integrantes do curso, que servirão de guia para integrar os elementos teóricos que recebem das disciplinas que compõem a grade curricular.
Assim, pretende-se percorrer alguns elementos que perfazem o entendimento do campo da psicose, das formas possíveis de tratamento institucional de pacientes graves e desconstruir posições institucionais que obedecem a lógicas de ordem tecno- burocrático que são naturalizadas e frequentemente vão contra a realização das boas práticas terapêuticas, através de aulas expositivas e discussões teóricas. Os referenciais do trabalho serão tanto os operadores psicanalíticos - entendidos na direção da clinica ampliada-como os conceitos da analise institucional que alicerçarão a elucidação crítica das práticas desenvolvidas atualmente.

Bibliografia Básica
ONOCKO CAMPOS , R.. Clinica, a palavra negada - sobre as praticas clínicas nos serviços de saúde mental. Saúde em debate. Vol. 25 n.58 – R.J. Nov/dez 2001
FIGUEIREDO,A.C. 1997.Vastas confusões e atendimentos imperfeitos:a clinica psicanalítica no ambulatório público.R.J .Relume Dumará
FIGUEIREDO A. C. & MACHADO, O. R. Diagnóstico em psicanálise: do fenômeno à estrutura. Cadernos IPUB, Rio de Janeiro, v. VI, n. 17, p. 124-30, abr./2000.
FERNANDEZ,A.M.O campo grupal. São Paulo.Martins Fontes, 2007.
LANCETTI,A.(Org) Saudeloucura no.1. São Paulo.Hucitec.1989
LANCETTI, A. BRAGACAMPOS, F.(Orgs) Saudeloucura no.9.São Paulo.Hucitec .2009.
ANZIEU, D.KAES, R et al. El trabajo psicoanalítico en los grupos. Buenos Aires. Editorial Siglo XXI, 1975.


DISCIPLINA 11: ENTREVISTAS E APRESENTAÇÕES CLÍNICAS DO PACIENTE INTERNADO (Estágio no GREA – Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Depto. de Psiquiatria da FMUSP)

PROGRAMA
OBJETIVOS
Oferecer aos alunos experiência presencial no GREA – Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Depto. de Psiquiatria da FMUSP, considerado hoje como Centro de Excelência para Tratamento e Prevenção de drogas, pela Secretaria Nacional Antidrogas - SENAD. O GREA vem desenvolvendo desde 1981 trabalhos na área de pesquisa, ensino, assistência e prevenção de álcool, tabaco e outras drogas.

JUSTIFICATIVA
Com referência ao valor formativo do estágio no GREA – Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Depto. de Psiquiatria da FMUSP, destaque-se que seu método se caracteriza por uma abordagem multidisciplinar, com equipe formada por psiquiatras, psicólogos, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo. Tal método apresenta notável congruência com o objetivo do Curso de fundamentar e estabelecer um campo de diálogo entre a psicofarmacologia, a psiquiatria e a psicanálise sobre as formas de diagnóstico e tratamento do sofrimento psíquico.

CONTEÚDO
O programa dessa disciplina oferece ao aluno possibilidade de acompanhar as seguintes atividades: a) Entrevistas e atendimentos psiquiátrico c psicológico com pacientes com quadros de abuso, síndrome de dependência e outras complicações psiquiátricas advindas do consumo inadequado de substâncias psicoativas, inclusive de pacientes internados no Instituto de Psiquiatria da FMUSP. b) Pesquisas epidemiológicas e farmacológicas na área de Dependências Químicas. c) Conferências clínicas de médicos residentes em psiquiatria. d) Abordagens terapêuticas multidisciplinares dispensadas nos Ambulatórios de Cocaína, Alcoolismo, Tabagismo e Maconha.

Carga Horária:

155 horas
Tipo: Obrigatória
Vagas oferecidas: 55
 
Ministrantes: Alberto Olavo Advincula Reis
Ana Cecilia Magtaz
Claudio Cohen
David Calderoni
Enrique Isaac Mandelbaum
Gisele Joana Gobbetti
Isabel Victoria Marazina
Luciana Chaui Berlinck Sanchez
Therezinha Gomes de Souza Dias


 
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