31715 - Módulo 4: Elementos Contemporâneos de Psicopatologia e Saúde Pública |
Período da turma: | 04/03/2010 a 15/12/2011
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Descrição: | DISCIPLINA 12: Políticas de Saúde Mental: Uma Abordagem Histórico-Crítica
OBJETIVOS 1) Desnaturalizar os conceitos de Doença Mental e Saúde Mental, situando-os como instituições criadas historicamente. 2) Situar historicamente o Movimento da Reforma Psiquiátrica, a. No mundo, b. No Brasil. 3) Apresentar a atual Política Nacional de Saúde Mental no Brasil, problematizá-la em vista de sua implementação no Brasil e, particularmente em São Paulo. 4) Problematizar as práticas psi como práticas de controle social e/ou como práticas de agenciamentos coletivos de produção de modos singulares de subjetivação. A noção de clínica ampliada. JUSTIFICATIVA Em um curso de especialização em Psicopatologia e Saúde Pública é essencial o conhecimento da história e o debate das políticas públicas em Saúde Mental atualmente em vigência no Brasil a partir das diretrizes políticas do Ministério da Saúde que reorientam a atenção em Saúde Mental desde a aprovação da lei 10.216 de 2001. Em função disso, essa disciplina se propõe, a partir da retomada da história do movimento da Reforma Psiquiátrica no mundo e no Brasil, com ênfase no movimento social coletivo que engendrou a transformação de paradigmas de concepção e de atenção à saúde mental na perspectiva da garantia de direitos de cidadania, a subsidiar o entendimento dessa transformação. Partiremos da colocação em análise das instituições doença mental e saúde mental, assim como problematizaremos o "objeto" das práticas psi, tendo em vista um paradigma ético-estético-político que privilegie a produção de processos de singularização contrários a processos de homogeinização e controle social da produção de subjetividade. Por último, situaremos e problematizaremos as atuais práticas em Saúde Mental na cidade de São Paulo e os desafios que estas promovem para os trabalhadores de Saúde Mental. CONTEÚDO: O programa da disciplina terá como ponto de partida o estudo de autores de diversos campos do conhecimento – filosofia, psiquiatria, psicanálise - cuja produção evidenciou a transformação histórica da loucura em doença mental, condição de possibilidade para a construção de uma rede de saberes-poderes sobre a mesma. A partir daí, estudaremos as formas pelas quais a loucura passa a ser objeto das políticas institucionais: da ordem pública à saúde pública passando pela reforma psiquiátrica, a problemática da cronicidade como determinante dessas políticas e os atuais paradigmas que orientam sua formulação. Serão abordadas em separado as políticas de saúde mental para a infância e para as dependências químicas. O curso se encerrará com um exercício prático de formulação de política de saúde mental realizado pelos alunos, com orientação dos professores, a partir de um problema concreto contemporâneo. Bloco I- A constituição histórica da Doença Mental e o nascimento do alienismo. A análise de Foucault Philippe Pinel : um novo enfoque sobre a loucura Bloco II- Loucura: da transição da Ordem Pública à Saúde Pública Constituição do campo da saúde mental no Brasil Políticas de saúde mental para infância e adolescência no Brasil Políticas de saúde para as dependências químicas O problema da cronicidade e as políticas de saúde mental A Reforma Psiquiátrica Contribuição da epidemiologia e do conceito de sobrecarga (“burden”) no debate contemporâneo da Saúde Mental BIBLIOGRAFIA: A Declaração de Caracas e a Lei 10.216 de 06/04/2001. Amarante, Paulo; Torre, Eduardo H. G. “Protagonismo e subjetividade: a construção coletiva no campo da saúde mental” in Ciência e Saúde coletiva, v. 6, RJ: 2001. Amarante, Paulo (org.) – Ensaios: Subjetividade, Saúde Mental, Sociedade. Editora Fiocruz, RJ, 2000. Amarante, Paulo (org.) – Psiquiatria Social e Reforma Psiquiátrica – Ed. Fiocruz, RJ, 1994. Amarante, Paulo (coord.). Loucos pela vida – A Trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil. RJ: Fiocruz, 1995. Assis, Machado – O Alienista - SP: Ática, 1991. Basaglia, Franco. As instituições da violência. mimeo Birman, Joel – “Freud e a crítica da razão delirante”, in Freud, 50 anos depois - org. Joel Birman, Relume- Dumará, RJ, 1989. Borges, Camila F. e Baptista, Tatiana W. de Faria. O modelo Assistencial em saúde mental no Brasil: a trajetória da construção Política de 1990 a 2004. mimeo Brasil. Ministério da Saúde. Saúde Mental no SUS: acesso ao tratamento e mudança do modelo de atenção. Relatório de Gestão 2003-2006. Secretaria de Atenção à Saúde/DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Brasília: janeiro de 2007, 85 p. “Cidades dos esquecidos” in Caros Amigos. Ano X. São Paulo, 2006. Costa, Jurandir Freire – História da Psiquiatria no Brasil: um corte ideológico. Xenon Editora, RJ, 1989. Cunha, Maria Clementina. O Espelho do Mundo: Juquery, a História de um Asilo. Paz e Terra, SP, 1986. Cunha, Maria Clementina. Cidadelas da Ordem. Brasiliense, SP, 1990. Cunha, M. Clementina Pereira – A Doença Mental na República. SP: Brasiliense, 1989. Delgado, Pedro Gabriel. “Saúde mental e pública para todos” . O Globo, 27/07/06. Foucault, Michel – História da Loucura na Idade Clássica.SP: Perspectiva, 1978. Foucault, M. A loucura só existe em uma sociedade. In Ditos e Escritos... Foucault, Michel – Microfísica do Poder - Edições Graal, RJ, 1979. Gauchet, Marcel & Swain, Gladys. La Pratique de l’Esprit Humain. Gallimard, 1980. Kinoshita, Roberto Tykanori. Cronicidade e os Movimentos de Reforma in O Outro da Reforma: contribuições da teoria da autopoiese para a problemática da cronicidade no contexto das reformas psiquiátricas. UNICAMP, Campinas, 2000. Lancetti, Antonio – Clínica Peripatética Machado, Roberto e cols. Danação da Norma. Graal, RJ, 1978. Machado, Roberto – Ciência e Saber – A Trajetória da Arqueologia de Foucault. RJ: Graal, 1988. Ministério da Saúde – Legislação em Saúde Mental – 1990-2002 – Brasília, DF. Organização Mundial da Saúde. Relatório sobre a Saúde no Mundo- Saúde Mental: Nova Concepção, Nova Esperança. WHO, Genebra, 2001. Pelbart, Peter Pál – Da Clausura do fora ao fora da clausura – Loucura e desrazão. Editora Brasiliense, São Paulo, 1989. Pinel. Phillipe. Traité Médico-Philosophique sur l’Alienation Mentale. Arno Press, NY, 1974. Relatório gestão 2003-2006 Rosa, Abílio da Costa; “O Modo psicossocial: Um paradigma das práticas substitutivas ao modo asilar”; in Amarante, Paulo (org.) – Ensaios: subjetividade, saúde mental, sociedade. Fiocruz. RJ. Santa Cruz, M. Angela – ‘Desafios da Clínica Contemporânea: Novas formas de “manicomialização”;in Fuks, Lucia B; Ferraz, Flávio, C. - O Sintoma e suas faces. SP: Escuta/FAPESP, 2006. Santa Cruz, M. Angela - “O sujeito silenciado, uma crítica às práticas em Saúde Mental”; in Percurso, Revista de Psicanálise, no.9, Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. São Paulo, 1992. Swain, Gladys. Le Sujet de la Folie. Calmann-lévy, Paris, 1997. Swain, Gladys. Dialogues avec l’Insensé. Gallimard, Paris, 1994. Tenório, Fernando – A psicanálise e a clínica da reforma psiquiátrica.RJ: Marca d’Água, 2001. (mimeo) Tenório, Fernando – Breve história da reforma psiquiátrica brasileira in Tenório, Fernando. A psicanálise e a clínica da reforma psiquiátrica. RJ: Marca d’água, 2001. DISCIPLINA 13: Psicopatologia e Técnica Psicanalítica II – a sexualidade e a pulsão como pilares da teoria psicanalítica OBJETIVOS: Em continuidade à disciplina Psicopatologia e Técnica Psicanalítica I, esta disciplina também visa oferecer uma introdução a conceitos fundamentais da teoria psicanalítica com vistas a permitir uma compreensão da psicanálise como teoria psicopatológica, além de situar os alunos quanto à gênese e constituição da técnica psicanalítica, demonstrando, na obra de Freud, a relação necessária entre experiência clínica, investigação científica e reflexão e produção teóricas. Para tal, seu objetivo é: 1) introduzir a teoria da pulsão em Freud, demonstrando o lugar e a importância da sexualidade na constituição da mente humana e 2) introduzir a nosologia psicanalítica através da apresentação dos principais quadros psicopatológicos dentro de uma perspectiva histórica e, principalmente, freudiana. JUSTIFICATIVA: Como já citado na justificativa da disciplina Psicopatologia e Técnica Psicanalítica I, a importância da psicanálise na história do pensamento e das ciências em geral, especialmente no campo da psicopatologia, faz com que o conhecimento de seu arcabouço teórico-clínico fundamental seja indispensável em um curso de formação em psicopatologia e saúde pública. Assim sendo, consideramos fundamental tanto a introdução da nosologia psicanalítica quanto a apresentação da teoria da pulsão que, além de ser um dos pilares clássicos dessa abordagem teórica desde Freud, é base de toda a psicopatologia psicanalítica, uma vez que é dos destinos da dualidade pulsional, como base do conflito psíquico, que se delineiam os quadros psicopatológicos vistos a partir dessa perspectiva teórica. Ou seja, para conhecer e trabalhar com esta psicopatologia é fundamental percorrer o caminho teórico freudiano, partindo da pulsão como esta foi pré-figurada com os conceitos de libido, libido psíquica, quantum de excitação, excitação exógena e endógena em direção à descoberta de um inconsciente baseado no recalque de fantasias sexuais infantis que forçou Freud a conceituar aquilo que ele chamará posteriormente de mitologia psicanalítica: o conceito de pulsão como conceito limite entre o físico e o psíquico. CONTEÚDO: O programa da disciplina abordará uma pré-história do conceito de pulsão em Freud e quatro momentos constitutivos do campo do pulsional em psicanálise: 1) a formulação do dualismo pulsões de auto conservação vs pulsão sexual 2) a transformação em dualismo pulsões do eu vs pulsão sexual 3) o momento monista libido do eu vs libido do objeto 4) a última teoria pulsional: pulsões de vida vs pulsões de morte. 5) e, por fim, o programa também abordará um breve histórico da nosologia psicanalítica freudiana. O conteúdo será ministrado através de aulas teóricas e seminários de textos escolhidos. O programa da disciplina tem como pauta os seguintes pontos: A) Pré história do conceito de pulsão B) Freud: Introdução à primeira teoria pulsional: Três ensaios para uma teoria sexual C) Freud: Duas formulações sobre o acontecer psíquico D) Freud: Sobre a transmutação das pulsões em especial do erotismo anal E) Freud: Pulsões e suas vicissitudes F) Freud: Introdução ao Narcisismo G) Freud: Introdução às várias versões sobre a última teoria pulsional freudiana: Mais além do princípio do prazer, O eu e o isso, O problema econômico do masoquismo e Mal estar na civilização. H) Freud psicopatólogo: brevíssimo panorama da semiologia e nosografia freudianas: 1) a concepção de neurose de transferência: histeria, neurose obsessiva e fobia (histeria de angústia); 2) a melancolia e a depressão: a noção de trabalho psíquico tendo o trabalho do luto como paradigma; 3) as psicoses e as perversões em uma perspectiva psicanalítica; BIBLIOGRAFIA CROMBERG, R.U.(2000) Paranóia. São Paulo, Casa do Psicólogo FREUD, S. (1973) Obras Completas, v. I, II, III. Madrid, Biblioteca Nueva - Las neuropsicoses de defensa (1894). In Obras Completas, v. I - Estudios sobre la histeria.(1895). In Obras Completas, v. I - Proyeto para uma psicologia para neurologos (1895). In Obras Completas, v. I - Tres ensayos para una teoria sexual (1905). In Obras Completas, v. II - Dos formulaciones sobre el suceder psíquico (1911). In Obras Completas, v. II - Concepto psicanalítico de las perturbaciones psicógenas de la vision (1910). In Obras Completas, v. II - Introducción al Narcisismo (1914). In Obras Completas, v.II - Sobre la transmutacion de las pulsiones en particular del erotismo anal (1914). In Obras Completas, v.II - La pulsion e sus vicissitudes ( 1915). In Obras Completas, v.II - Mas allá del principio del placer (1920). In Obras Completas, v. III - El “yo” y el “ello” (1923). In Obras Completas, v. III - El problema economico del masoquismo(1924). In Obras Completas, v. III - El Malestar en la cultura (1929-1930). In Obras Completas, v. III FREUD,S. (1983) Las origines del psicoanálisis (1897-1902). Madrid, Aliança BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: GARCIA-ROSA, L.A. (1986) Acaso e repetição em psicanálise. Rio de Janeiro, Zahar. MASOTTA. O. (1986) Dualidade Pulsional – O modelo pulsional . Campinas, Papirus. Nasio, J.D. O prazer de ler Freud, Rio de Janeiro, Zahar. PLON, M. e ROUDINESCO, E. (1998) Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro, Jorge Zahar PONTALIS, J.B. e LAPLANCHE, J. (1970) Dicionário de Psicanálise. São Paulo, Martins Fontes ROBERT, M. (1976) A revolução psicanalítica. São Paulo, Martins Fontes LIMA, Alcimar (1995) Pulsões. Petrópolis, Vozes DISCIPLINA 14: Psicopatologia Fenômeno- Estrutural OBJETIVOS: A psicopatologia encontra-se numa condição ímpar dentro do espectro das ciências. Devido ao seu estatuto singular, filiada simultaneamente às ciências naturais e às ciências humanas, sua história revela menos um avanço linear conduzido pela natural evolução científica do que movimentos heterogêneos, marcados pelas opções epistemológicas adotadas pelas diversas correntes que a compõem. É, portanto, antes de tudo, uma história das hegemonias epistemológicas da cultura ocidental. Neste sentido, nosso curso propõe-se a examinar, do ponto de vista epistemológico, as regras que nortearam a construção das categorias psicopatológicas desde a sua constituição primeira como ciência, no final do século XIX, com a obra de Kraepelin. Dividindo as psicopatologias em dois eixos, um eixo da estabilidade e um eixo da transformação, percorreremos a literatura psicopatológica destacando como cada eixo orientou seus conceitos de modo a servir seus propósitos epistemológicos. JUSTIFICATIVA: A noção de uma ciência única, validada por critérios universais e claramente estabelecidos vem se constituindo numa marca da ciência contemporânea. A incorporação crédula desta afirmação, despida de qualquer olhar crítico, pode transformar a ciência em instrumento ideológico a serviço de interesses não manifestos. Nosso curso justifica-se como abertura reflexiva contraposta a um olhar monolítico de ciência, fornecendo aparelhagem crítica para que o estudante possa constituir concepções próprias a respeito dos jogos de influências subjacentes ao fazer científico. CONTEÚDO: O programa da disciplina se desenvolve através da constituição de dois eixos psicopatológicos: eixo da estabilidade e eixo da transformação. Situaremos as diversas psicopatologias examinadas a partir desta dupla arregimentação, postulando que a procura pela estabilidade ou o anseio pelo conhecimento das transformações tenham sido os fios condutores de cada um dos dois grupos psicopatológicos. Para isto, serão examinados textos que melhor representem cada um destes eixos, respeitando um desenvolvimento temporal e centrando-se nos seguintes autores: A. EIXO DA ESTABILIDADE Emil Kraepelin Eugen Bleuler Critérios Diagnósticos do DSM-IV B. EIXO DA TRANSFORMAÇÃO Karl Jaspers Eugene Minkowsky BIBLIOGRAFIA (em conformidade aos pontos programáticos da disciplina): A. EIXO DA ESTABILIDADE Kraepelin, E. Psiquiatria Geral, Bleuler E. Tratado de Psiquiatria Associação Psiquiátrica Norte-Americana. Critérios Diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais. 4a edição. Artes Médicas, Porto Alegre, 1995 B EIXO DA TRANSFORMAÇÃO Jaspers, K. Psicopatologia General. Fondo de Cultura Econômica. México. 2ª edição, 1996 Minkowski, E. Traité de Psychopathologie, PUF, 1966. Genética em Psiquiatria. DISCIPLINA 15: Genética em Psiquiatria OBJETIVO: Apresentar os principais conceitos da genética e debater sobre a sua influência nas ciências da saúde e em particular na psiquiatria JUSTIFICATIVA: Um grande número de estudos genéticos tem demonstrado a importância do componente genético para o desenvolvimento de vários transtornos psiquiátricos. CONTEÚDO: Serão discutidos os seguintes tópicos durante as aulas: 1. projeto genoma 2. genética epidemiológica 3. genética molecular 4. estudos de ligação e estudos de associação alélica 5. genética e comportamento 6. esquizofrenia 7. transtornos do humor 8. abuso de álcool e outras drogas 9. farmacogenética 10. considerações éticas BIBLIOGRAFIA (em conformidade aos pontos programáticos da disciplina): McGuffin et al. Psychiatric, Genetics & Genomics. Oxford University Press, 2002. |
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Carga Horária: |
120 horas |
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Tipo: | Obrigatória | ||||
Vagas oferecidas: | 75 | ||||
Ministrantes: |
Guilherme Peres Messas Homero Pinto Vallada Filho Maria Angela Santa Cruz Nelson da Silva Junior Renata Udler Cromberg Rosa Maria Rodrigues Pinto Santos Castro |
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