134573 - MÓDULO 1: Fundamentos |
Período da turma: | 06/08/2025 a 17/09/2025
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Descrição: | Espera-se para este módulo a apresentação do campo do patrimônio a partir de sua história, escopo e principais formulações teóricas desenvolvidas ao longo de sua trajetória, bem como um contato com algumas questões emergentes que forem julgadas relevantes. Trata-se de um primeiro momento de aproximação dos estudantes com o assunto, servindo tanto de introdução às principais questões como um convite ao envolvimento profissional e acadêmico com este universo.
Para a história do patrimônio cultural esperamos um contato com as várias formulações a respeito da ideia de patrimônio e suas transformações em diferentes momentos históricos, explorando os discursos em torno de sua constituição no mundo ocidental a partir do século 18 e as distintas abordagens, transformações epistemológicas e as várias práticas articuladas em torno dessas ideias ao longo do tempo, bem como as abordagens críticas às narrativas canônicas e normalmente eurocêntricas a respeito desta mesma trajetória. Para a unidade de Memória, sociedade e cidadania cultural gostaríamos de explorar as distintas articulações do conceito de memória (em suas dimensões individual, coletiva e social, bem como em suas distintas manifestações no mundo ocidental e nas várias formulações não ocidentais que as desafiam), explorando sua mobilização pelo campo do patrimônio cultural, da museologia e de outras práticas associadas e pensando-a na perspectiva dos direitos culturais e de cidadania. Sobre as Teorias do patrimônio buscamos um contato dos participantes do curso com as principais questões teóricas ligadas ao universo do patrimônio cultural e em especial à trajetória de discussões teóricas ligadas à preservação, explorando distintas abordagens, escolas de pensamento e disputas — das clássicas querelas teóricas desenvolvidas no século 19 aos atuais questionamentos propostos para este campo, passando por autores clássicos e pela maneira como eles influenciaram a doutrina do campo e seus marcos normativos. Finalmente, sobre Legislação, cartas e marcos normativos, esperamos um contato com os vários níveis de doutrina e normatização consolidadas no campo, apresentando de forma panorâmica as cartas patrimoniais internacionais e contextualizando os principais marcos normativos, bem como explorando o desenvolvimento da legislação no contexto brasileiro. 1.1 História do patrimônio no Brasil 27/8, 14h–21h — 6 horas (2 aulas) Flávia Brito do Nascimento Ementa: A disciplina tem como objetivo apresentar de forma introdutória história do patrimônio no ocidente e sua articulação com a formação dos estados nacionais na Europa, chegando à formação das políticas de preservação no Brasil na primeira metade do século XX. Pretende apresentar o lugar da memória e da constituição nacional na primeira república e a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan) no Estado Novo, debatendo o papel da preservação na constituição da modernidade varguista na sua articulação com os arquitetos. Discute a seleção de bens culturais pelo Sphan e seu papel na unidade nacional, e na conformação do quadro social de memória ou da ortodoxia do Brasil. Na segunda parte, pretende discutir a história das políticas de preservação nos anos 1980 e o lugar da Constituição de 1988 na construção de novos patrimônios nacionais, chegando ao papel destas políticas nos anos 2000, com o imaterial e a paisagem cultural. Bibliografia indicada para a aula: RUBINO, Silvana. “O mapa do Brasil passado”. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, nº 24, pp. 97-105, 1996. Bibliografia sucinta: CHUVA, Márcia Regina Romeiro. Os arquitetos da memória: sociogênese das práticas de preservação do patrimônio cultural no Brasil (anos 1930-1940). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009. NASCIMENTO, Flávia Brito do; CHUVA, Márcia Regina Romeiro. Dossiê Democracia, Patrimônio e Direitos: a década de 1980 em perspectiva. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 28, p. 1–12, 2020. FONSECA, Cecilia L. O patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ/IPHAN, 1997. GONÇALVES, José Reginaldo. A retórica da perda. Os discursos do patrimônio cultural no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ/ IPHAN, 1996. NASCIMENTO, Flávia Brito do. Formar e questionar? Os cursos de especialização em patrimônio cultural na década de 1970. Anais do Museu Paulista, 2016. No prelo. Sant’Anna, Márcia. Da cidade-monumento à cidade documento. A trajetória da norma de preservação de áreas urbanas no Brasil (1937-1990). Dissertação (mestrado) FAU-UFBA. Salvador: mimeo, 1995. MOTTA, Lia. Sítios urbanos na redemocratização: novas demandas e caminhos para ampliação das práticas de preservação. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 28, p. 1–33, 2020. TEIXEIRA, Luciano dos Santos. Historiografia do patrimônio na década de 1980? Algumas considerações. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 28, p. 1–21, 2020. CAMPOS, Y. D. S. ; KRENAK, A. . O patrimônio cultural e o protagonismo indígena na Constituinte de 1987/88. Entrevista com Ailton Krenak. Horizontes Antropológicos (online) , v. 24, p. 371-389, 2018. 1.2 Memória, sociedade e direitos culturais 3/9, 14h–21h — 6 horas (2 aulas) Inês Gouveia Ementa: Trata-se de uma introdução a respeito da memória e dos estudos da memória social, em uma perspectiva histórica e conceitual, situando autores e escolas de pensamento recorrentes. Compreendendo a memória social enquanto processo, analisamos quais são os agentes implicados, intenções e dinâmicas. Aborda-se também a relação entre memória e direitos humanos, na perspectiva dos direitos culturais, exemplificando com casos e fatos regionais, nacionais e internacionais dos usos da memória social, associados a patrimônios culturais e museus. A aula consistirá em uma primeira parte de explanação e uma segunda parte de diálogo a respeito de casos que exemplifiquem a construção da memória social, no sentido conceitual e de seus usos correntes na sociedade. Bibliografia indicada para a aula: POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, 1989. Disponível em https://periodicos.fgv.br/reh/article/view/2278 Acesso em 20/02/2024. Bibliografia sucinta: ASSMAN, Aleida. A secularização da memoração - Memória, Fama, História. In: Espaços da recordação - Formas e transformações da memória cultural. Capinas: Editora UNICAMP, 2011, p. 37-67. BORGES, Jorge Luis. Funes, o Memorioso. BORGES, Jorge Luis. Ficções. São Paulo: Globo, 1997. ENDO, Paulo. Pensamento como margem, lacuna e falta: memória, trauma, luto e Esquecimento. Revista USP. São Paulo, n. 98, 2013, p. 41-50. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/69224. HALBWACHS, M. A memória coletiva. Trad. de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006. KILOMBA, Grada. Memórias da Plantação: Episódios de Racismo Cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019. LE GOFF, Jacques. Memória. In: LE GOFF, Jacques. História e Memória. Tradução de Bernardo Leitão [et al.]. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1990. (Coleção Repertórios), p. 366-419. MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Os museus e as ambiguidades da memória: a memória traumática. Conferência de abertura do 10o Encontro Paulista de Museus. São Paulo: Sistema Estadual de Museus de São Paulo. 2018. HUYSSEN, Andreas. Os direitos humanos internacionais e a política da memória: limites e desafios. In: HUYSSEN, Andreas. Culturas do passado-presente: modernismos, artes visuais, políticas da memória. Rio de Janeiro: Contraponto: Museu de Arte do Rio, 2014. p.195 - 209. 1.3 Teorias da restauração 10/9, 14h–21h — 6 horas (2 aulas) Pedro Vieira Beatriz Kühl Ementa: A disciplina aborda aspectos da construção teórica da conservação-restauração e de sua consolidação como campo disciplinar autônomo, com seu próprio estatuto epistemológico, o que abarca também o papel da teoria nas discussões sobre patrimônio. Para tanto, serão pontuadas algumas das transformações por que passaram as formulações teóricas ao longo do tempo, até chegar às mais recentes tendências, considerando a progressiva ampliação daquilo que é considerado bem de interesse cultural, que parte de monumentos históricos isolados até uma noção abrangente de patrimônio cultural que abarca ambientes urbanos inteiros e parte do território e envolve de maneira crescente questões ligadas à memória e à identidade. Será enfatizada a necessidade de leitura historicamente informada dos referenciais teóricos do campo – de qualquer época e ambiente cultural – para que possam ser mobilizados de modo crítico e idôneo, com base em fatos, para questões atuais. Serão enfatizados ainda aspectos éticos envolvidos com a discussão, com especial interesse nas relações do restauro com o direito intergeracional, sustentabilidade e combate às mudanças climáticas. Bibliografia indicada para a aula: KÜHL, Beatriz Mugayar. Desconstruindo os preconceitos contra a restauração. Revista Restauro, São Paulo, 2016, n. 0. Disponível em: https://revistarestauro.com.br/desconstruindo-os-preconceitos-contra-a-restauracao/ Bibliografia sucinta: CARSALADE, Flavio de Lemos. Pedra e o tempo: a arquitetura como patrimônio cultural. Belo Horizonte: UFMG, 2018. CHOAY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio. São Paulo : UNESP. 2001. ______. O Patrimônio em questão. Belo Horizonte: Fino Traço, 2011. KÜHL, Beatriz Mugayar. Notas sobre a Carta de Veneza. Anais do Museu Paulista, v. 18, n.2, p. 287-320, Dez 2010. https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/5539/7069 ) ______. Preservação do Patrimônio Arquitetônico da Industrialização. Problemas teóricos de restauro. Cotia: Ateliê / FAPESP, 2009. ______. Teoria da restauração, de Cesare Brandi: seis décadas de sua publicação. Anais do Museu Paulista, 2023, v. 31, p. 1- 43. e16. [https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/209141] RUFINONI, Manoela Rossinetti. Preservação e Restauro Urbano. São Paulo: Unifesp-Edusp-FAPESP, 2013. SANTOS, Pedro Augusto Vieira. Restauro, arte contemporânea, espaço [público] etc. Tese de Doutorado. São Paulo: FAUUSP, 2020. VIEIRA-De-ARAÚJO, Natália; LIRA, Flaviana. Há algo a temer na “Teoria da Restauração” de Brandi? O mito paralisante do medo, Paranoá, n. 25, p. 83-93, 2020. VIEIRA-De-ARAÚJO, Natália. Materialidade e imaterialidade no patrimônio construído. Recife: Editora UFPE, 2022. 1.4 Legislação, cartas e marcos normativos 17/9, 14h–21h — 6 horas (2 aulas) Mariana Pessoa Ementa: A disciplina oferece um panorama histórico-crítico sobre os principais marcos normativos que regulam o campo do patrimônio cultural no Brasil, partindo dos fundamentos doutrinários internacionais — expressos em cartas e convenções patrimoniais — até o desenvolvimento da legislação em âmbito nacional e municipal, com ênfase no contexto paulistano. Serão também problematizados os instrumentos de preservação do patrimônio cultural em sua interface com o planejamento urbano, contemplando algumas controvérsias e desafios contemporâneos por meio de estudos de caso. A abordagem objetiva fomentar uma compreensão abrangente acerca dos mecanismos de proteção e incentivo à preservação, bem como de seus impactos no tecido urbano e social, fundamentada nos debates teóricos que moldam a preservação cultural no Brasil. Bibliografia indicada para a aula: KÜHL, Beatriz Mugayar. Notas sobre a Carta de Veneza. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 287–320, 2010. DOI: 10.1590/S0101-47142010000200008. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/5539. Bibliografia sucinta: FERNANDES, Edésio; ALFONSIN, Betânia (coord.). Revisitando o instituto do tombamento. Belo Horizonte: Fórum, 2010. FIGUEIREDO, Vanessa Gayego Bello. Patrimônio, cidade e política urbana. Hiatos e equívocos na legislação urbanística de São Paulo. Arquitextos, São Paulo,14, n. 168.02, Vitruvius, 2014. Disponível em: IPHAN/Ministério da Cultura. (org.) Isabelle Cury. Cartas Patrimoniais, 3ª ed. Brasília: IPHAN, 2000. MORI, Victor Hugo (org.). Patrimônio: atualizando o debate / IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. – 2. ed. ampl. – São Paulo: Fundação Energia e Saneamento 2015. MUNIZ, Claudia Andreli; PESSOA, Mariana Cavalcanti; NITO, Mariana Kimie da Silva. Está tudo dentro da lei: legislação urbana e destruição do patrimônio cultural em São Paulo. Revista CPC, São Paulo, Brasil, v. 19, n. 37, p. 100–129, 2024. DOI: 10.11606/issn.1980-4466.v19i37p100-129. Disponível em: https://revistas.usp.br/cpc/article/view/217449. PESSOA, Mariana Cavalcanti; MUNIZ, Claudia; NITO, Mariana Kimie da Silva; NASCIMENTO, Flávia Brito do. O patrimônio cultural no Plano Diretor de São Paulo: Trajetória, dissensos e possibilidades. Revista Simetria do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, [S. l.], v. 1, n. 11, p. 146–158, 2023. Disponível em: https://revista.tcm.sp.gov.br/simetria/article/view/170. RODRIGUES, M. Imagens do passado: a instituição do patrimônio em São Paulo: 1969‑1987. São Paulo: Editora UNESP, 2000. RUFINONI, M.R. Preservação e restauro urbano: teoria e prática de intervenção em sítios industriais de interesse cultural. 2009. 336 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) — Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. SANT’ANNA, Márcia. Da cidade-monumento à cidade documento. A trajetória da norma de preservação de áreas urbanas no Brasil (1937-1990). Dissertação (mestrado) FAU-UFBA. Salvador: mimeo, 1995. SOMEKH, Nadia. Patrimônio cultural em São Paulo: resgate do contemporâneo? Arquitextos, São Paulo, v. 16, n. 185.08, 2015. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.185/5795. UNESCO. The Operational Guidelines for the Implementation of the World Heritage Convention (2008). Disponível em: Ministrantes: Beatriz M. Kühl Flávia Brito do Nascimento Inês Gouveia Mariana Pessoa Pedro Vieira Tipo: obrigatória Carga-horária: 24 horas Acompanha o presente módulo do curso um cronograma especial, composto por 4 mesas-redondas abertas com pesquisadores-convidados que tratam das perspectivas patrimoniais da moradia e da memória, de intervenções em edifícios tombados para fins residenciais, das políticas de preservação de conjuntos e edifícios residenciais e os desafios de habitar o patrimônio. MÓDULO ESPECIAL: Casa, cidade, patrimônio Ministrantes: Alex Oliveira Ana Beatriz Pahor Pereira da Costa Andrea Sampaio Claudia Andreoli Muniz Flávia Brito do Nascimento Ivo Barreto Jr. Joana Mello de Carvalho e Silva Julia Anversa Luiza Martins P. dos Santos Mariana Pessoa Marina Pio Renato Cymbalista Sabrina Studart Fontenele Costa Vitor Lima Tipo: obrigatória Carga-horária: 12 horas |
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Carga Horária: |
36 horas |
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Tipo: | Obrigatória | ||||
Vagas oferecidas: | 40 | ||||
Ministrantes: |
Beatriz Mugayar Kuhl Flávia Brito do Nascimento Inês Cordeiro Gouveia Mariana Cavalcanti Pessôa Pedro Augusto Vieira Santos |
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