Atividade

133643 - Abril FFLCH 2025 - Literatura, gênero e direitos humanos

Período da turma: 16/04/2025 a 30/04/2025

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Descrição: Dividido em três aulas de duas horas cada, o curso aborda obras literárias escritas por autoras brasileiras e latino-americanas a partir de uma perspectiva de leitura feminista, relacionando as violências de gênero às violências estatais e aos direitos humanos. A metodologia inclui a leitura compartilhada de trechos das obras selecionadas, sua análise coletiva e a aproximação dos textos com referenciais da teoria crítica. Os textos abordados nos encontros serão disponibilizados para leitura prévia e também expostos em slides de powerpoint durante as aulas, possibilitando o acompanhamento de todas as pessoas participantes (mesmo que não consigam ler as obras previamente).

1ª aula - Elvira Vigna
Leitura e análise do conto “I+zil+d=inha” (2005), narrativa que apresenta uma mulher fragilizada pelo relacionamento violento, com uma válvula de escape insinuada apenas no final do conto: “a tampa da mesa que ainda não está quebrada mas vai estar, assim que ela der um chute, de bico, daqueles bons mesmo. E um berro” (p. 297-302).
A leitura literária será acompanhada de trechos de textos teóricos da filósofa feminista bell hooks, que utiliza o termo “violência patriarcal” para recordar que a violência dentro de casa se liga ao pensamento sexista, à dominação masculina, mesmo que não seja praticada apenas por homens (p. 96), associando-a ao sistema, ao coletivo.

2ª aula - Tatiana Salem Levy
Leitura e análise de trechos do romance “Melhor não contar” (2024). Décadas depois de ser assediada pelo homem pelo qual sua mãe foi apaixonada, a narradora/autora enfim decide contar a situação pela qual passou, apesar de todos os conselhos que recebe para seguir na direção contrária quando lhe questionam: “Para que se expor tanto?” (2024, p. 63).
A leitura literária será acompanhada de trechos de textos teóricos da filósofa Audre Lorde (1977), que lembra que as mulheres são socializadas para respeitar mais ao medo que às próprias necessidades de linguagem e definição. Para ela, “é necessário examinar não só a verdade do que falamos mas também a verdade da linguagem em que o dizemos” (p. 19).

3ª aula - Tamara Kamenszain
Leitura e análise de trechos da obra poética “Garotas em tempos suspensos” (2022), em que a escritora argentina problematiza o uso de diversos termos, entre eles as palavras “poetisa”, “garotas” e “feminicídio”. Já em seus primeiros versos, retoma a história da poetisa uruguaia Delmira Agustini (1886-1914), que foi assassinada pelo ex-marido. As violências vivenciadas pelas mulheres presentes na obra são relacionadas, a todo o tempo, ao regime ditatorial daquele país, entre os anos de 1966 e 1973.
A leitura literária será acompanhada de trechos de textos teóricos que retomam as origens do termo “feminicídio”, proposto pela socióloga sul-africana Diana Russell e pela antropóloga e pesquisadora mexicana Marcela Lagarde, além de textos da filósofa feminista Judith Butler, para quem a performance, ou seja, a forma daquilo que é dito é o que produz sentido, mais do que o conteúdo do que é dito.

Referências bibliográficas:

BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. Tradução de Fernanda Siqueira Miguens. 1ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

HOOKS, bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Tradução de Bhuvi Libanio. 21ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2023.

KAMENSZAIN, Tamara. Garotas em tempos suspensos. Tradução de Paloma Vidal. São Paulo: Círculo de Poemas, 2022.

LEVY, Tatiana Salem. Melhor não contar.

VIGNA, Elvira. “I+zil+d=inha”. In: Mais 30 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira. Organização: Luiz Ruffato. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 295-302.

Carga Horária:

6 horas
Tipo: Obrigatória
Vagas oferecidas: 80
 
Ministrantes: Lucia Helena do Nascimento


 
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