Atividade

133110 - Novas abordagens científicas para caracterização de arte rupestre e novos métodos de datações de pigmentos contidos em arte rupestre

Período da turma: 03/06/2025 a 08/07/2025

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Descrição: Ementa: Os pigmentos usados para produzir cores são encontrados na natureza e seu uso pelos hominídeos remonta a cerca de 450 mil anos atrás, embora tenham se tornado mais comuns há 150 mil anos. Outros foram recolhidos e manipulados (moídos, misturados, aquecidos ou alterados) para obter a cor ou tonalidade desejada, processos que se expandiram ao longo da nossa história humana como resultado da acumulação de conhecimentos ao longo do tempo. A partir dessa constatação, a divulgação do conhecimento científico nessa área de pesquisa vem proporcionando um maior diálogo com trabalhos considerados de vanguarda no campo da interface entre mineralogia e arqueologia, sendo cada vez maior o número que avaliam os suportes rochosos conforme a interferência da produção e preservação dos grafismos rupestres. Através do estudo da arte rupestre podemos aproximar-nos do universo sócio-cultural das comunidades pré-coloniais. Como este
elemento pode corresponder a determinados padrões de antropização podem ser objetivamente distintos, tal característica desta realidade arqueológica possibilita o estabelecimento de fases diagnósticas a nível de produção e execução dos grafismos rupestres. Observações intempéricas e químicas revelaram que associações de minerais primários e secundários formavam crostas. Atestase a solubilidade desses minerais formada por soluções aquosas e por nitratos que percolam a rocha e poderiam reagir com as pinturas e dissolvê-las. Outra hipótese é que esses minerais poderiam ter sido usados para aplicar pinturas nos abrigos sob rocha. Os estudos desses minerais atestam que poderiam ter servido como matéria para preparação de pigmentação. A análise de XRD verifica a presença de minerais gerados por intemperismo, alguns dos quais são efêmeros, devido a sua
solubilidade. A composição desses minerais secundários, formados por meio de soluções aquosas à temperatura ambiente, envolve elementos químicos dos minerais das rochas, mas também pode receber o aporte de matéria orgânica, por exemplo, nitrato e oxalato, que fazem parte das soluções que percolam a rocha. A Espectroscopia de energia dispersiva de raios-X (EDS) acoplada ao microscópio eletrônico de varredura (MEV)SEM-EDS é complementar a difração de raios X, fornecendo os elementos químicos presentes na amostra de um mineral que podem ser comparados 2 com os minerais encontrados na difração de raios X e serve para identificar quais elementos químicos são sobressalentes e podem guiar que tipo de grupo estrutural tem o mineral encontrado.
A análise RAMAN é uma técnica que utiliza uma fonte de luz monocromática que, ao atingir um objeto, é espalhada por ele, gerando luz de mesma energia ou diferente da incidente. O FTIR detecta funções químicas ou a composição química dos materiais (em agrupamentos
químicos). A espectroscopia na região do infravermelho (IV) é uma técnica de inestimável
importância na análise orgânica qualitativa. Assim, sistematiza um espectro na região do
infravermelho e propõe uma possível fórmula molecular. Por último a Espectrometria de
Massa é especialmente importante para detectar substancias orgânicas contidas nos
pigmentos. Em nosso caso dialogamos com o uso do DART, uma técnica de oxidação
química plasmática usada para extrair o carbono orgânico presente em amostras de pintura
rupestre (presumivelmente representativas do meio de ligação) do substrato de carbono
inorgânico e acréscimos minerais. Tendo em vista essa apresentação o objetivo do curso de
extensão é apresentar a potencialidade de cada técnica no deslindamento da materialidade
da arte rupestre e discutir seu uso geoarqueólogico em sítios rupestres.
03-06-2025 Aula 1 – XRD - Desvendando minerais raros e comuns em sítios arqueológicos
A espectrometria de difração de raios-X é baseada em todos os planos dentro de uma estrutura cristalina difratando proporcionalmente aos raios-X direcionados a ela. Por isso, amostras ambientais ou culturais oriundas de sítios arqueológicos são difíceis de obter espectros específicos em função da interferência do meio como condições climáticas, de umidade dossuportes rochosos, de líquens e do crescimento de plantas invasoras. Como diferentes minerais têm diferentes espaçamentos de rede ou planos cristalinos, cada um produzirá um padrão de difração único, dando a cada mineralsua própria impressão. No entanto, identificar minerais em suporte com grafismo rupestre é muito importante porque são encontrados determinados espécimes que geralmente não são catalogados.
10-06-2025 Aula 2 – Mapeamento químico através do SEM-EDS. De outra forma, a espectroscopia de energia dispersiva de raios-X (EDS) acoplada ao microscópio eletrônico de varredura (MEV) é uma técnica ainda pouco explorada no âmbito de investigação de bens culturais. Por conta da carência de trabalhos publicados envolvendo a técnica supracitada na
caracterização de sítios arqueológicos essa abordagem objetiva expandir o conhecimento
na área. Na análise, o MEV fornece informações valiosas sobre a composição dos elementos
químicos dos minerais, o que é fundamental na determinação mineralógica das amostras coletadas em um sítio arqueológico.
Bibliografia para aula:
BRANCO, P. M.; CHAVES, M. L. S. C. A Mineralogia e alguns de seus minerais raros
ou de gênese exótica. Terrae didática, v.2, n.1, p.75-85, 2006.
3 EGERTON, R, F. Physical Principles of Electronic Microscopy: An Introduction to
TEM, SEM and AEM. New York (US): Springer Science + Business Media, 2005.
BONNEAU, A; PEARCE, D. G.; POLLARD, A. M. A multi-technique characterization
and provenance study of the pigments used in San rock art, South Africa. Journal of
Archaeological Science, v. 39, n. 2, p. 287-294, 2012.
17-06-2025 Aula 3 – RAMAN– desvendando a caracterização química dos minerais em sítios arqueológicos. A análise RAMAN é uma técnica que utiliza uma fonte de luz monocromática que ao atingir um objeto, é espalhada por ele, gerando luz de mesma energia ou diferente da incidente. O espalhamento inelástico é interessante, onde é possível obter muitas informações importantes sobre a composição química do objeto a partir da diferença de energia. A baixa potência é utilizada para iluminar porção dessa radiação espalhada inelasticamente, ou seja, muitas vezes diferente do incidente.
FARIA, D.L. A. de. Entenda o que é espectroscopia Raman. [S. l.: s. n.], 2011.
GIALANELLA, S; BELLI, R; DALMERI, G. P; LONARDELLI, I; MATTARELLI, M;
MONTAGNA, M; TONIUTTI, L. Artificial or Natural Origin of Hematite-based Red Pigments in
Archaeological Contexts: the Case of Riparo Dalmeri (Treno, Italy). Archaeometry, v. 53, n. 5, p.950-962, 2011.
24-06-2025 Aula 4 – FTIR– desvendando a matéria orgânica em sítios arqueológicos. A utilidade de um espectrômetro infravermelho transformado de Fourier (FTIR) é capaz de medir a absorção de energia ao longo de uma gama de comprimentos de onda infravermelha específica. O enredo de um espectro FTIR representa o infravermelho transmitido ou espectro refletido de absorção de um objeto. A técnica de Reflexão total atenuada (ATR), onde um cristal (diamante) é colocado diretamente na superfície permite a medição in-situ. Na espectroscopia de reflectância total atenuada por infravermelho com transformada de Fourier (FTIR-ATR), a amostra está em contato direto com o cristal que permite que a radiação infravermelha penetre através da amostra muitas vezes.
01-07-2025 Aula 5 – Espectrometria de Massa e o uso do Dart em contextos rupestres
A Espectrometria de Massa (MS) que se trata de uma técnica para a determinação de
elementos químicos ou compostos – um composto químico é uma substância constituída
por moléculas ou cristais de dois ou mais átomos ou íons de elementos diferentes que se
ligam entre si. Em (MS) é muito comum a formação de várias cargas nas moléculas
orgânicas e o uso de um Massa de alta resolução é imprescindível para interpretar um
4 espectro. A proposta de (MS) nesse curso é apresentar o Dart, ou a oxidação química
plasmática, desenvolvida na Texas A&M University no final da década de 1980 como uma
forma de “extrair” o meio de ligação orgânico de tintas vermelhas para medir sua idade
usando espectrometria de massa com acelerador. Em vez de queimar a amostra de tinta a
800°C em um ambiente de oxigênio puro, a oxidação do plasma depende de uma reação
química entre as espécies excitadas de oxigênio (oxigênio atômico e radicais de oxigênio)
produzidas no plasma e o material orgânico presente, seja como carvão/pigmento de
carbono ou como um suposto meio de ligação para formar dióxido de carbono gasoso que
pode então ser grafitado e datado com AMS.
Bibliografia para a aula:
Armitage RA, Hyman M, Rowe MW (2000a) Plasma-chemistry for dating pictographs by
AMS. In: Ward GK, Tuniz C (eds) Advances in dating Australian rock-markings:
papers from the first Australian rock-picture dating workshop, February 8–10, 1996,
Lucas Heights, NSW. Australian Rock Art Research Association, Melbourne, pp 31–34
Armitage RA, Arrazcaeta R, Torres S, Baker SM, Fraser D (2021) Chemical
characterization and radiocarbon dating of the rock art of Las Charcas caves, Cuba.
Archaeometry 63(4):878–892
08-07-2025-Aula 6 – Geoarqueologia de pinturas rupestres. Todos os aspectos das pinturas rupestres podem ser considerados do ponto de vista da geoarqueologia: o suporte rochoso subjacente, os depósitos minerais não antropogênicos associados às pinturas e as fontes de materiais corantes, a maioria (embora não todos) dos quais possuem componentes geológicos. Uma compreensão clara da química e geoquímica destes componentes e da interação entre eles é fundamental para a caracterização e datação das pinturas, algo que há muito tempo interessa a arqueólogos e antropólogos. Assim, o estudo de pinturas rupestres é ao mesmo tempo um desafio e uma oportunidade para colaboração entre disciplinas que vão desde a química analítica até a geoquímica e a física nuclear. O tipo mais comum de substrato são rochas sedimentares, por exemplo, arenitos, xistos e calcários. Suas superfícies macias e relativamente claras foram selecionadas por artistas de todo o mundo. Essas rochas também são relativamente porosas, o que ajuda as pinturas a aderirem à sua superfície. Além disso, são facilmente esculpidos pela chuva e pelo vento, que criam naturalmente cavernas e abrigos rochosos, ocupados pelo homem no seu dia a dia. É, no entanto, importante mencionar que o
desvendamento desses aspectos materiais da arte rupestre leva a uma gama de estudos de
caráter geoarqueológico do ambiente onde está inserido o sítio e a região.
Bibliografia da aula:
Bueno-Ramírez P, de Balbín-Behrmann R, Barroso-Bermejo R, Laporte L, Gouezin P, Cousseau F,
Salanova L, Card N, Benetau G, Mens E, Sheridan A, Carrera-Ramírez F, Hernanz A, Iriarte M,
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Steelman K (2019b) From pigment to symbol: the role of paintings in the ideological construction of European megaliths. In: Müller J, Hinz M, Wunderlich M (eds) Megaliths – societies – landscapes: early monumentality and social differentiation in Neolithic Europe. Vol. 3.
Proceedings of the international conference, 16–20 June 2015, Kiel. Frühe Monumentalität und

Carga Horária:

12 horas
Tipo: Obrigatória
Vagas oferecidas: 60
 
Ministrantes: Tatiane de Souza


 
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