Atividade

130467 - Oficina: Geografia e Ciência da linguagem: propostas e práticas interdisciplinares para uma aprendizagem crítica

Data da turma: 16/01/2025

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Descrição: 25º Encontro USP-Escola
Geografia e Ciência da linguagem: propostas e práticas interdisciplinares para uma aprendizagem crítica
O que é?
Oficina oferecida aos/às professores/as de geografia e áreas afins, lotados na rede pública e particular de ensino, e editores/as de materiais didáticos de área. A proposta é oferecer uma formação complementar ao/à professor/a e geógrafo/a, apresentando propostas didáticas e materiais que possam renovar e ressignificar conhecimentos acadêmicos e empíricos.
Justificativa
A geografia escolar esteve marcada por uma instrumentalização da ideologia dominante até meados da segunda metade do século XX (Lacoste, 1988), sendo fortemente criticada pelo movimento da Geografia Crítica. Isso influiu para a ampliação do debate de questões sociais dentro do ensino, no entanto, a prática demonstrou um direcionamento para os conteúdos e não para as metodologias de aprendizagem.
Nos anos 1990, as reformas educacionais esforçaram-se em encontrar parâmetros nacionais (Brasil, 1997) que adequassem o Brasil à economia mundial. Atualmente, com as diretrizes curriculares presentes na Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2017) houve uma reorientação econômica que busca alinhar educação e mercado de trabalho pela via do desenvolvimento de habilidades e competências (Girotto, 2017).
Em contrapartida, ao longo das últimas três décadas, houve um esforço por parte da ciência geográfica em formular diretrizes que pudessem orientar o trabalho metodológico a partir dos seus conceitos específicos. Mas, neste início do século XXI, as diretrizes voltadas aos meios de aprendizagem convivem com a ausência de recursos humanos e estruturais que alavanquem sua operacionalidade, o que junto às demandas por avaliações externas contribui para a manutenção do ensino conteudista, conferindo contradições à prática pedagógica.
As críticas a esse contexto recaem sobre a permanência secular da escola enquanto um objeto ideológico da classe dominante, o que a faz incorporar grande parte das concepções, práticas e linguagem hegemônicas. No contexto atual, as narrativas econômicas e globais encontram suporte também nas técnicas digitais e em seu potencial de capilaridade (Silva, 2002). Daí, identificarmos a urgência em se considerar os elementos formadores da cultura para a prática pedagógica, destacando-se o uso de uma linguagem não convencional, que favoreça o desvelamento ideológico e a capacidade crítica (Soares, 2002). Para isso, tomamos por base a unidade espaço-tempo (Bakhtin, 2017[1920-24]; 2018[1895-1975]; Lefebvre, 2006[2002]; Santos, 2008[1996]), como contraponto à fragmentação das narrativas por disputa de poder.
Neste sentido, a oficina buscará apresentar práticas interdisciplinares que reúnam conhecimentos teóricos-metodológicos geográficos, da ciência da linguagem e da cognição (Feuerstein, 1980), abordando atividades e materiais voltados ao desenvolvimento crítico dos/as estudantes.
Texto de divulgação
Como ensinar geografia aos/às estudantes de modo a ampliar sua capacidade crítica?
A proposta dessa oficina é apresentar, discutir e problematizar práticas interdisciplinares que reúnam conhecimentos teóricos geográficos e da ciência da linguagem, abordando atividades e materiais voltados ao desenvolvimento crítico dos/as estudantes.
Objetivos
Destinado a professores de geografia e outras ciências humanas com atuação no Ensino Médio e aos/às editores/as de materiais didáticos dessas disciplinas, esta oficina tem quatro objetivos principais:
a) Promover a reflexão teórico-metodológica a respeito do ensino de geografia no século XXI;
b) Apresentar, discutir e problematizar práticas e materiais para o ensino de geografia visando uma aprendizagem crítica;
Programa
1. Retomada histórica a respeito do domínio político e econômico no ensino de geografia no Brasil;
2. O meio técnico, a fragmentação dos saberes e o contexto do ensino no século XXI;
3. A linguagem na escola e seu potencial na produção de cultura;
4. Realização de atividades práticas voltadas a uma aprendizagem crítica.
Metodologia
A proposta metodológica será desenvolvida da seguinte maneira:
I. Apresentação expositiva-dialogada (i. retomada histórica a respeito do domínio político e econômico no ensino de geografia no Brasil; ii. o meio técnico, a fragmentação dos saberes e o contexto do ensino no século XXI);
II. Realização de atividades práticas voltadas a uma aprendizagem crítica;
III. Discussão e debate aberto a partir da experiência individual na realização das atividades;
IV. Apresentação expositiva-dialogada da fundamentação teórico-metodológica que orienta as atividades práticas realizadas.
Recursos didáticos
1. Apresentações e ilustrações em powerpoint;
2. Relatos orais e debates de experiências;
3. Aplicativos digitais para o registro e realização das atividades propostas.
Avaliação de desempenho dos participantes:
1. Discussões coletivas;
2. Relatos de experiência durante a oficina;
3. Autoavaliação do participante.

Referências
BAKHTIN, M. Para uma filosofia do ato responsável. Trad. Valdemir Miotello e Carlos Alberto Faraco. 3ª edição. São Carlos: Pedro&João Editores, 2017 (1920-24).
BAKHTIN, M. Teoria do romance II: As formas do tempo e do cronotopo. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2018 (1895-1975).
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: história, geografia. Ministério da Educação. Brasília, DF, 1997.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação. Brasília, DF, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 13 jul. 2024.
FEUERSTEIN, R. Instrumental Enrichment. An Intervention Program for Cognitive Modifiability. Glenview, Illinois: Scott, Foresman and Company. Lifelong Learning Division, 1980.
GIROTTO, E. D. Dos PCNs a BNCC: o ensino de geografia sob o domínio neoliberal. In: Geo UERJ, Rio de Janeiro, n. 30, p. 419-439, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.12957/geouerj.2017.23781. Acesso em: 13 jul. 2024.
LACOSTE, Y. A geografia – isso serve, em primeiro lugar para fazer guerra. Tradução Maria Cecília França – Campinas, SP: Papirus, 1988.
LEFEBVRE, H. A produção do espaço. Trad. Doralice Barros Pereira e Sérgio Martins (do original: La production de l’espace. 4ª ed. Paris. Éditions Anthropos, 2000). Primeira versão: início – fev. 2006.
SANTOS, M. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 4ª edição. São Paulo: Edusp, 2008[1996].
SILVA, J. L. B. O que está acontecendo com o ensino de geografia? – Primeiras impressões. In: Geografia em perspectiva. PONTUSCHKA, N. N.; OLIVEIRA, A. U. (Orgs). São Paulo: Contexto, 2002, p. 313-322.
SOARES, M. L. A. Reinventado o ensino da geografia. In: Geografia em perspectiva. PONTUSCHKA, N. N.; OLIVEIRA, A. U. (Orgs). São Paulo: Contexto, 2002, p. 331-341.

Carga Horária:

3 horas
Tipo: Optativa
Vagas oferecidas: 40
 
Ministrantes: Rosana Silvestre de Lima


 
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