124302 - 6º Summer School da FFLCH: Gênero e arquivos coloniais na África |
Período da turma: | 04/03/2024 a 07/03/2024
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Descrição: | Sessão 1: O Gênero dos arquivos coloniais
Nesta sessão introdutória, consideraremos uma visão dos estudos recentes de gênero e discutimos as formas como ela se cruza com a disciplina de história da África. A definição de gênero de Nancy Hunt é relevante aqui como uma abordagem à historiografia que leva o gênero para além da mera prescrição de papéis sociais a homens e mulheres. Além de papeis, procuraremos abordar o gênero como ferramenta e articulação de poder em contextos históricos específicos que mudam noções de diferença sexual e possibilidades de identidade. O gênero, neste sentido, no seu emaranhado com raça, idade e classe, enquadra relações de poder e controle sob regimes coloniais, bem como informa estratégias de resistência a este poder e as condições para o superar. Tendo isso em mente, consideraremos os debates na historiografia que centram o gênero como uma tecnologia do poder colonial e uma ferramenta de inscrição, enquadrando o arquivo como um aparato de sujeição. As questões orientadoras nesta sessão serão: como o gênero é produzido? É possível pensar o gênero é uma metáfora, ou seja, uma forma de ver/falar? Como o gênero orienta as relações sociais, as normas e os rituais em diferentes contextos coloniais? Que alternativas uma história pré- colonial pode oferecer aos estudos de gênero em contextos africanos? Quais são os potenciais e limites da noção de agência de mulheres, pessoas queer e demais sujeitos coloniais? Sessão 2: Arquivos de domesticidade, cuidado e trabalho reprodutivo Para esta sessão nos voltaremos ao estudo da prostituição e lutas de mulheres e homens africanos para recuperar e garantir as suas reivindicações de habitação doméstica em ambientes urbanos. Observamos como as vidas íntimas foram conectadas e moldadas por processos mais amplos de mudança social e política. Exploraremos os escritos históricos comparativos da Índia colonial tardia e a representação do interior doméstico, da escrita de mulheres e o arquivo como habitação. Na segunda parte desta sessão, discutiremos como os governos do Congo Belga e do apartheid da África do Sul tentaram intervir na gestão da reprodução e do sexo através de políticas de nascimento e da amamentação, bem como as implicações desse controle para a nossa compreensão do gênero e da maternidade. Consideraremos as formas como o regime legal foi exercido em relação às mulheres “europeias” e “africanas”, como mudou as noções do que é considerado contracepção natural e artificial, e como as mudanças nas práticas contraceptivas revelam os limites movediços das esferas publica e privada. Sessão 3: Sexo, intimidade, respeitabilidade Nesta sessão veremos como as concepções de casamento, o domínio colonial e as políticas destinadas às populações “nativas” transformam a autoridade geracional. Abordaremos a negociação de poder nas famílias e os papéis de gênero e como foram entendidos como tradicionais. Na intersecção dos processos legais e a construção do Estado colonial, esta sessão explora como os discursos de gênero estão emaranhados nas hierarquias coloniais de idade, gênero e raça bem como do direito e autoridade costumeiros. No âmbito familiar, exploraremos como a noção de idade, de infância ou juventude podem ser um registro analítico importante na construção de gênero, e nas mudanças históricas nas relações entre parentesco e a estrutura de costumes sob domínio colonial. Sessão 4: Viuvez, morte e outras heranças coloniais Na última sessão discutiremos a mudança das terminologias de gênero através da herança colonial – figurativa e literalmente – na vida social das mulheres. Exploraremos como a viuvez molda dinâmicas sociais entre as viúvas, as suas famílias, sua comunidade, missionários e autoridades coloniais. A sessão centra-se na relação entre as viúvas e suas filhas e como o impacto das políticas coloniais de educação e recrutamento militar de homens transformam as aspirações de mulheres jovens. A parte final trata das questões da morte no arquivo colonial e dos limites da representação da violência. Através do relato do historiador e dos limites da representação historiográfica, veremos nos casos estudados como o colonialismo não foi apenas produzido através da violência extrema, mas sustentado através de negociações e discursos de poder. Burns, Catherine. “Controlling Birth Johannesburg, 1920 to 1960”, South African Historical Journal, 50, 2004: 170-198. Duff, Sarah. Children and Youth in African history. Barnes and Noble, 2022. Erlank, Natasha. Convening Black Intimacy: Christianity, Gender, and Tradition in Early Twentieth- Century South Africa. Wits University Press, 2022. Essop Sheik, Nafisa. African marriage regulation and the remaking of gendered authority in colonial Natal, 1843–1875. African Studies Review, 57(2), 2014: 73-92. Hassim, Shireen. “Critical Thoughts on Keywords in Gender and History: An Introduction”, Gender & History, 28(2), 2016: 299–306. Lalu, Premesh. "Sara’s suicide: history and the representational limit." Kronos, 26(1), 2000, 89-101. Matebeni, Zethu. "Nongayindoda: moving beyond gender in a South African context." Journal of Contemporary African Studies, 39(4), 2021, 565-575. Mutongi, Kenda. Worries of the heart: Widows, family and community in Kenya. 2007, University of Chicago Press. Semley, Lorelle. Mother Is Gold, Father Is Glass: gender and colonialism in a Yoruba town. Bloomington: Indiana University Press, 2011. Musisi, Nakanyike. “Gender and Sexuality in African History: A Personal Reflection”, Journal of African History, 55(3), 2014: 303–15. White, Luise. The comforts of home: Prostitution in Colonial Nairobi. Chicago: University of Chicago Press, 1990. |
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Carga Horária: |
12 horas |
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Tipo: | Obrigatória | ||||
Vagas oferecidas: | 40 | ||||
Ministrantes: |
Fernanda Pinto de Almeida |
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