123509 - Jornalismo e Literatura: No meio fio entre boêmios e realistas |
Período da turma: | 18/03/2024 a 21/03/2024
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Descrição: | Programa completo com ementa e referência bibliográfica:
Ementa: A relação entre jornalismo e literatura é de aproximação e distanciamento, de acordo com os interesses e o momento histórico. Toma-se aqui a figura da “boemia” no jornalismo como ponto de partida para uma série de questionamentos dessa relação, a partir da perspectiva histórica da Primeira República e das disputas em suas redes discursivas e de sociabilidades, especialmente em relação à crítica literária. Também serão discutidos os imaginários acerca do jornalismo/literatura no século XX e suas diluições contemporâneas, assim como o confronto com o realismo, excessos, tensionamentos e lirismos em torno deste. A partir de consensos tácitos da prática cotidiana, a atividade boêmia se vê entrelaçada à ideia de realismo de forma ambígua, ora em posição de confronto, ora ampliando (reiterando sua importância) e/ou tornando instáveis suas “margens” normativas. A boemia também desestabiliza consensos em termos de gênero, raça e classe social, que se refletem nas possibilidades de construção textual a partir da investigação do espaço urbano, dentro da noite, nos salões de sociabilidade e nos subúrbios. Plano de Aulas: 1. As trincheiras do crítico: espaços em disputa do jornalismo, da crítica e da literatura na virada do século XIX pro XX • A atuação na imprensa do crítico José Veríssimo como caso emblemático, a defesa da crítica e sua decadência. Os mal-entendidos em torno da ideia de “rodapé” como sinônimo de crítica. O crítico enquanto jornalista e as disputas das redes discursivas e de sociabilidades entre críticos e repórteres. O conceito de rede discursiva e suas materialidades. A figura maldita do repórter boêmio. 2. Objetividade alucinada: entre João do Rio e Lima Barreto • O realismo e o caldo da boemia. A investigação do espaço urbano. Objetividade e realismo. A alma encantadora das ruas, de João do Rio, e a perspectiva do repórter flâneur na capital republicana; a defesa da reportagem experimental; o mergulho no submundo; o lirismo realista. Recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto, como investigação do espaço da redação de jornal e da cidade em momento de levantes populares; sarcasmo como estratégia de escrita e crítica social (contornos da militância). 3. Sonhos boêmios • Crônica como gênero do jornalismo brasileiro e espaço literário (Lima Barreto e João Antonio). Perspectivas transnacionais da boemia jornalística. Imaginários literários do jornalismo; imaginários jornalísticos da literatura. Perspectivas oníricas da boemia jornalística (Tom Wolfe em questão). 4. “Margens” desestabilizadas • A boemia jornalística enquanto fator de instabilidade normativa; visões normativas do jornalismo em xeque; a exigência de retorno aos arquivos; memórias de repórteres na construção historiográfica; o hiato entre jornalismo e cultura brasileira; reducionismos da ideia de literatura no jornalismo; impasses do realismo; diluições do jornalismo e da literatura. Bibliografia Barbosa, Francisco de Assis. A vida de Lima Barreto (1881-1922). Rio de Janeiro: José Olympio, 2012. Barbosa, Marialva. História Cultural da imprensa: Brasil 1800-1900. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007. Barreto, Lima. Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: Penguim, 2010. Barreto, Lima. Toda crônica. Volumes 1 e 2. Rio de Janeiro: Agir, 2004. Bertol, Rachel. Trincheiras da crítica literária: O crítico José Veríssimo nos circuitos jornalísticos da belle époque carioca. Rio de Janeiro: Circuito/ Faperj, 2022. Bertol, Rachel. Em torno da crítica literária em jornal: sobre Lima Barreto e José Veríssimo. MATRIZes, [S. l.], v. 11, n. 2, p. 249-270, 2017. DOI: 10.11606/issn.1982-8160.v11i2p249-270. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/matrizes/article/view/132127. Acesso em: 1 dez. 2023. Broca, Brito. A vida literária no Brasil - 1900. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956. Delporte, Christian. Les journalistes en France - 1880-1950: Naissance et construction d’une profession. Paris: Éditions du Seuil, 1999. Jácome, Phellipy. A constituição moderna do jornalismo no Brasil. Curitiba: Appris, 2020. Kalifa, Dominique. A tinta e o sangue: Narrativas sobre crimes e sociedade na Belle Époque. São Paulo: Editora Unesp, 2019. Mendes, Marlos. Memórias da radioescuta no jornalismo carioca: histórias de uma prática de reportagem central na cobertura de crimes e cidade na segunda metade do século XX. 2022. 113f. Dissertação (Mestrado em Mídia e Cotidiano) - Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano, Instituto de Arte e Comunicação Social, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2022. Ribeiro, Ana Paula Goulart. A história oral nos estudos de jornalismo:algumas considerações teórico-metodológicas. In: Revista Contracampo, v. 32, n. 2 , ed. abril-julho ano 2015. Niterói: Contracampo, 2015. Págs: 73-90. Rio, João do. A alma encantadora das ruas. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1987. Rio, João do. O momento literário. Organização, introdução e notas de Silvia Maria Azevedo e Tania Regina de Luca. São Paulo: Rafael Copetti Editor, 2019. Rio, João do. Dentro da noite. São Paulo: Antiqua, 2002. Sodré, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 1999. Wolfe, Tom. Radical chique e o Novo Jornalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. |
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Carga Horária: |
16 horas |
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Tipo: | Obrigatória | ||||
Vagas oferecidas: | 30 | ||||
Ministrantes: |
Rachel Bertol Domingues |
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