|
Júpiter - Sistema de Gestão Acadêmica da Pró-Reitoria de Graduação
|
Museu Paulista |
|
Museu Paulista |
|
Disciplina: MUP0112 - Políticas Culturais e Dever de Memória: Museus e Patrimônio na Abordagem de Histórias Difíceis
|
Cultural policies and the duty of memory: museums and heritage in addressing difficult histories
|
Créditos Aula: |
6
|
Créditos Trabalho: |
2 |
Carga Horária Total: |
150 h
|
Tipo: |
Semestral
|
Ativação: |
15/07/2025
|
Desativação:
|
Objetivos |
O objetivo da disciplina é discutir sobre o papel que os museus e as políticas de patrimônio cultural podem desempenhar na abordagem de histórias difíceis, isto é, aquelas relacionadas a processos e eventos históricos marcados pela violência e sobre os quais persistem silêncios e tensões. Também buscaremos compreender o impacto das mobilizações políticas e sociais sobre o campo da cultura no pós-guerra, sobretudo no que diz respeito à maior visibilidade pública das histórias e memórias de grupos minorizados. A noção de dever de memória orientará a análise das estratégias utilizadas para tratar as memórias traumáticas nos museus e no patrimônio. Este referencial permite problematizar a função social dos museus e das políticas públicas de cultura como instrumentos centrais na promoção da cidadania e dos direitos humanos. |
|
|
|
|
Docente(s) Responsável(eis) |
|
7223248 - David William Aparecido Ribeiro |
|
|
Ementa |
O programa da disciplina terá como ponto de partida a reflexão sobre os usos e funções dos museus no contexto ocidental, sobretudo no que diz respeito às memórias nacionais, passando pelo papel desempenhado por eles e pelas grandes exposições no quadro do imperialismo da virada do século XIX para o XX. Em um segundo momento, a disciplina abordará o contexto do pós-guerra, quando da criação de instituições como a Unesco e o ICOM, enfatizando a formulação das políticas de proteção ao patrimônio cultural e natural e o impacto de movimentos sociais e políticos sobre o fazer científico e cultural. Na terceira e última parte, a discussão terá como foco o período pós-promulgação da Constituição de 1988, com destaque para as iniciativas no campo dos museus e do patrimônio no Brasil, em especial as que dizem respeito à história dos impactos da colonização sobre os povos indígenas; da escravidão e das violações de direitos humanos no contexto da ditadura civil-militar de 1964-1985. |
|
|
|
|
Conteúdo Programático |
Primeira parte
1. Os conceitos de “dever de memória” e “histórias difíceis” 2. Museus e exposições no século XIX: Estados nacionais e imperialismo 3. Leituras e escritas do mundo: museus, ciências e pensamento racial 4. Atividade prática – visita em grupo ao Museu Afro Brasil Emanoel Araújo ou à Pinacoteca
Segunda parte
1. A Cultura como instrumento para a paz: a Unesco e o ICOM no pós-guerra 2. O patrimônio cultural e o natural em um mundo em transformação 3. A noção de referências culturais no contexto brasileiro 4. A função social dos museus 5. Atividade prática – visita em grupo à TI Tenondé Porã ou à TI Jaraguá
Terceira parte
1. A Cultura na Constituição de 1988 2. Perspectivas indígenas no patrimônio e nos museus 3. Perspectivas afro-brasileiras no patrimônio e nos museus 4. Museus, patrimônio e direitos humanos 5. Atividade prática – visita em grupo ao Memorial DOI-Codi ou ao Memorial da Resistência 6. Encerramento: “Territórios de resistência” no Museu do Ipiranga |
|
|
|
|
Instrumentos e Critérios de Avaliação |
|
Método de Avaliação |
Três trabalhos escritos correspondentes a cada parte da disciplina no formato ensaio crítico. |
Critério de Avaliação |
A articulação entre a discussão bibliográfica das aulas e as atividades práticas. |
Norma de Recuperação |
Apresentação de trabalho escrito complementar no formato de ensaio crítico, considerando as três partes da disciplina e a visita a um Museu, lugar de referência discutido ao longo da disciplina não visitado anteriormente pelo grupo. |
|
|
|
Bibliografia Básica
|
|
|
CAMPOS, Yussef Daibert Salomão. Palanque e patíbulo: o patrimônio cultural na Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988). São Paulo: Annablume, 2018. CARVALHO, Vânia Carneiro; MARINS, Paulo César Garcez; LIMA, Solange Ferraz de. Curadoria em museus de história. Anais do Museu Paulista: História e cultura material, v. 29, 2021. CHAGAS, Mário; PRIMO, Judite; ASSUNÇÃO, Paula; STORINO, Cláudia, A museologia e a construção de sua dimensão social: olhares e caminhos. Cadernos de Sociomuseologia, Lisboa, n. 11, v. 55, 2018. CHUVA, Márcia Regina Romero. Os arquitetos da memória: sociogênese das práticas de preservação do patrimônio cultural no Brasil (anos 1930-1940). Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2009. CLIFFORD, James. Museus como zonas de contato. Trad. Alexandre Souza; Valquíria Prates. Periódico Permanente, São Paulo, n. 6, fev. 2016. CUNHA, Manuela Carneiro da. Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Ubu Editora, 2017, FERREIRA, Maria Letícia Mazzuchi. Memórias traumáticas: entrevista com Marita Sturken. Revista Memória em Rede (Pelotas), v. 8, n. 15, jul,-dez. 2016. FONSECA, Maria Cecflia Londres. Referências culturais: base para novas políticas de patrimônio. In: BRASIL. IPHAN. Ministério da Cultura. Inventário Nacional de Referências Culturais: manual de aplicação. Brasília: Iphan, 2000. GRINBERG, Keila. O mundo não é dos espertos: história pública, passados sensíveis, injustiças históricas. História da Historiografia, Ouro Preto, v. 12, n. 31, set.-dez. 2019. HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Trad. Andrea Menezes et al. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. KEHL, Maria Rita et al. Violações de Direitos Humanos dos camponeses. In: BRASIL. COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE. Relatório: textos temáticos. Brasília: CNV, 2014. (Relatório da Comissão Nacional da Verdade, v. 2). KEHL, Maria Rita et al. Violações de Direitos Humanos dos povos indígenas. In: BRASIL. COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE. Relatório: textos temáticos. Brasília: CNV, 2014. (Relatório da Comissão Nacional da Verdade, v. 2). MARINS, Paulo César Garcez. Novos patrimônios, um novo Brasil? Um balanço das políticas patrimoniais federais após a década de 1980. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 29, n. 57, 2016. MENEGUELLO, Cristina. Comentário I: Menos certezas, mais vozes: o gesto curatorial frente a novas demandas sociais, Anais do Museu Paulista: História e cultura material, São Paulo, v. 29, 2021. MENESES, Ulpiano T. B. de. Os museus e as ambiguidades da memória: a memória fraumática. Conferência no 102 Encontro Paulista de Museus, Memorial da América Latina, São Paulo, 18 jul. 2018, PORTO, Nuno. O museu como agente social: coleções etnográficas, migrações e cidadania no mundo contemporâneo. Interseções, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, dez. 2008. QUADRAT, Samantha Viz. É possível uma história pública dos temas sensíveis no Brasil? In: MAUAD, Ana Maria; SANTHIAGO, Ricardo; BORGES, Viviane T. (org.). Que história pública queremos?/What public history do we want? São Paulo: Letra e Voz, 2018. RIBEIRO, David. Por uma política cultural antirracista: as caminhadas indígenas, quilombolas e afro-diaspóricas diante das permanências coloniais e escravistas (1988-2020). São Paulo: Intermeios, 2023. SCHWARCZ, Lilia M. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil (1870-1930), São Paulo: Companhia das Letras, 1993. SILVA, Glicéria Jesus da. O voo do Manto e o Pouso do Manto: uma jornada pela memória Tupinambá. Modos: Revista de História da Arte, Campinas, v. 8, n. 2, 2024. TERRITÓRIOS de Resistência: Florestamas, Sertanias, Ribeirias. Dir.: Maria Thafs e Yghor Boy. Prod, Museu Paulista/USP e Sesc/SP, 1h47min, 2021.
|
|
|
Bibliografia Complementar |
|
|
ANDERSON, Benedict Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. BAPTISTA, Jean; BOITA, Tony. O desafio nativo: a inclusão do protagonismo indígena no Museu das Missões e no Sitio Arqueológico de São Miguel Arcanjo. In: MAGALHÃES, Aline Montenegro; BEZERRA, Rafael Zamorano (org.). Museus Nacionais e os desafios do contemporâneo. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2011. BLANCHARD, Pascal; COUTTENIER, Maarten. Les zoos humains. Nouvelles Études Francophones, v. 32, n. 1, 2017. BRASIL. IPHAN. Ministério da Cultura. Patrimônio Mundial: fundamentos para seu reconhecimento: a convenção sobre proteção do patrimônio mundial, cultural e natural, de 1972, para saber o essencial. Brasília: IPHAN, 2008. CARNEVALLI, Felipe et al. (ed.), Terra: antologia afro-indígena. São Paulo: Ubu, 2023. CUNHA, Manuela Carneiro da; CESARINO, Pedro de Niemeyer (org.). Políticas culturais e povos indígenas. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014. CURY, Isabelle (org.). Cartas patrimoniais. 3 4 ed, Brasília: Iphan, 2004. CURY, Marflia Xavier. Lições indígenas para a descolonização dos museus: processos comunicacionais em discussão. Cadernos Cimeac, v. 7, n. 1, 2017. FONSECA, Maria Cecflia Londres. O patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. 3 a ed. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2009. GUERRA, Marília Falcone. Musealização de territórios e turismo de base comunitária: reflek'ões sobre a comunicação e a salvaguarda do pafrimônio da Reserva Extrativista do Mandira, rananéia/SP. Dissertação (Mestrado em Museologia), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. HICKS, Dan. The Brutish Museums: The Benin Bronzes, Colonial Violence and Cultural Restitution. Londres. Pluto Press, 2020. KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019 LALIEU, Olivier. L'invention du « devoir de memoire ». Vingtiême Siàcle, revue d'Histoire, n. 69, jan,/mar, 2001. MBEMBE, Achille. Crítica da Razão Negra. Trad. Marta Lanca. Lisboa: Antígona, 2014. MELENDI, Maria Angélica. Antimonumentos: estratégias da memória (e da arte) numa era de catástrofes. In: SELIGMANN-SILVA, Márcio (org.). Palavra e imagem: Memória e escrita. Chapecó: Argos, 2006. PAIVA, Marcelo Cardoso de. O Brasil segundo o Iphan: a preservação do patrimônio cultural brasileiro durante a gestão de Gilberto Gil no Minc (2003-2008). Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019. POULOT, Dominique. Uma história do patrimônio no Ocidente, séculos XVIII-XXI: do monumento aos valores. Trad. João Guilherme F. Teixeira. São Paulo: Estação Liberdade, 2009. SAID, Edward W. Cultura e imperialismo. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. SANTOS, Antônio Bispo dos. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu, 2023. SANTOS, Myrian Sepúlveda. Comentário II: O cuidado com o outro nos museus: um novo paradigma. Anais do Museu Paulista: História e cultura material, São Paulo, nova série, v. 29, 2021. SILVA, Fernando Fernandes da, As cidades brasileiras e o patrimônio cultural da humanidade. 2 2 ed. São Paulo: Peirópolis/Edusp, 2012, SOUZA, Luciana Christina Cruz e. A Mesa Redonda de Santiago do Chile e o Desenvolvimento da América Latina: o papel dos Museus de Ciências e do Museu Integral. Museologia & Interdisciplinaridade, Brasflia, v. 9, n. 17, jan„/jul. 2020. TORRES, Nelson Maldonado. On the Coloniality of Human Rights. Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, n. 114, dez. 2017. |
|
|
|
|
|
|