O objetivo desta disciplina é trabalhar a comparação de estruturas do espanhol e do português brasileiro pensando nos grandes eixos ao redor dos quais se organiza o contraste. Espera-se favorecer a especialização da competência bilíngüe para a tarefa de tradução, dentro do par linguístico português-espanhol, focando as regiões de contrastividade de maior relevo para a prática da tradução nesse par lingüístico, para o que se aplicarão também exercitações em tradução dirigidas às zonas de contraste focalizadas no programa, com o objetivo de contribuir para uma tradução mais idiomática e fluente, reduzindo a interferência entre esse par de línguas próximas.
Em didática de tradução atribui-se importância a um trabalho contrastivo que foque as relações de tradução entre o par linguístico específico. Esta disciplina se propõe fazê-lo em um panorama que envolve diversos níveis, do lexical ao discursivo. Considera-se que a importância da atenção para evitar as interferências entre as línguas em tradução aumenta no caso das línguas próximas, como é o caso do espanhol e do português. O trabalho direcionado a pontos chave de contraste entre o espanhol e o português contribuirá a direcionar o aprendizado do espanhol como língua estrangeira para o trabalho do tradutor, no sentido de focá-lo sobre as especificidades que apresentam o espanhol e o português em sua relação de tradução.
1. A construção da referência em ambas as línguas. As assimetrias passíveis de observar com relação às marcas de pessoa no funcionamento destas. Estruturas relacionadas. · Tendências do português brasileiro: clítico nulo, explicitação do pronome sujeito. · Valores do pronome sujeito e dos pronomes tônicos no espanhol. Funcionamento dos átonos. Duplicação dos clíticos. Formas de "oblicuidade": os casos semânticos e sua projeção na sintaxe. · Modos de topicalização, alterações na estrutura sintática de ambas línguas. As conseqüências de tais diferenças na produção da coesão e do efeito de coerência discursiva. · Marcas de impessoalidade e construção da passiva em ambas línguas. 2. Processos de determinação em ambas línguas: noção semântica de "determinante" ou "especificador". Presença/ausência de determinantes: possibilidades e valores em ambas línguas. Gênero neutro. As séries dos demonstrativos. Os determinantes como marcas de coesão e de progressão informativa. 3. Argumentação e sintaxe. Conectores argumentativos. Marcas de modalidade. Indicativo / subjuntivo. Encadeamentos temporais.
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