Este curso tem por objetivo propiciar reflexões antropológicas em torno de questões que perpassam travestilidades, transexualidades, transgeneridades e não-binariedades, por meio de pesquisas acadêmicas e debates políticos que tem se desenvolvido no país e no exterior desde os anos 1970 e 1980 até os dias atuais. Com especial atenção a trabalhos produzidos por autories trans, além de pesquisadories especialistas da área, pretende-se abordar diferentes perspectivas, que revelam modos diversos de vivenciar gênero e sexualidade (atravessados por outros marcadores sociais da diferença como corpo, raça, etnia, geração, região, etc.), de ocupação de territórios, de existir e de sobreviver em contextos sociais e históricos distintos e de produção de suas próprias subjetividades e coletividades. Propõe-se também dar visibilidade a experiências que desafiam e enfrentam a imposição cisheteronormativa e a sua naturalização.
Conceitos fundamentais e a formação do campo de estudos trans; Epistemologias Trans; Cisnormatividade e branquitude; Movimentos sociais e ativismos; Políticas públicas para pessoas trans; formas de existência e sobrevivência; Temas emergentes e ocupações (artes, esportes, literatura, educação, trabalho, etc.)
MÓDULO 1 – A formação do campo de estudos trans e conceitos fundamentais 1– Introdução ao tema dos marcadores sociais da diferença e aos estudos trans. 2 - Gênero e sexualidade – subjetividades, experiências, normatividades, performatividades 3 - A perspectiva interseccional: pensadories negres 4 - Epistemologias trans e Transgender studies 5 – Cisgeneridade e branquitude: uma dupla opressora MÓDULO 2 – Políticas, existências, sobrevivências 6 – Movimentos trans no Brasil 7 - Patologização e acesso à saúde: direitos e políticas públicas 8 – Trabalho sexual e prostituição: sobrevivências e resiliências 9 - Criminalização e violências: Estado, polícia, sociedade 10 - Aproximações queer? 11 – Não binariedades e diálogos trans MÓDULO 3 - Temas emergentes e ocupações 12 – Educação 13 – Esportes 14 – Artivismos 15 - Literatura trans 16 – Experiências não-ocidentais
ALMEIDA, Guilherme; MURTA, Daniela. (2013) Reflexões sobre a possibilidade da despatologização da transexualidade e a necessidade da assistência integral à saúde de transexuais no Brasil. In: Sexualidad, Salud y Sociedad - Revista Latinoamericana. n. 14 - ago. pp. 380-407. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1984-64872013000200017&script=sci_abstract&tlng=pt ANDRADE, Luma. (2012) Travestis na escola: assujeitamento e resistência à ordem normativa. Tese de doutorado em Educação. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/131976/tese%20Luma%20Andrade.pdf?sequence=1&isAllowed=y BENVENUTTY, Fernanda; NASCIMENTO, Silvana de Souza; LIMA, Luiza Ferreira. Fernanda Benvenutty, Uma Política Travesti. Capítulos 3, 5, 8, 9 e 12. São Paulo: Editora Patuá (No prelo). CAMARGO, Eric Seger de. (2020) Cap. 1: Introdução ao tema; Cap. 2: Diferença sexual em debate (pp. 10-38). In. Pessoas trans nos esportes: os jogos da cisnormatividade. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação, 155 p. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/218439 CARVALHO, Mario e CARRARA, Sergio. (2013) Em direção a um futuro trans? Contribuição para a historia do movimento de travestis e transexuais no Brasil. In: Sexualidad, Salud y Sociedad. n. 14 - ago - pp. 319-351. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/SexualidadSaludySociedad/article/view/6862 CAVALCANTI, Céu; BARBOSA, Roberta Brasilino e BICALHO, Pedro Paulo Gastalho. (2018) Os Tentáculos da Tarântula: Abjeção e Necropolítica em Operações Policiais a Travestis no Brasil Pós-redemocratização. Psicol. cienc. prof.. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932018000600175&lng=pt&nrm=iso COACCI, Thiago. (2018) Conhecimento precário e conhecimento contra-público: a coprodução dos conhecimentos e dos movimentos sociais de pessoas trans no Brasil. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/BUOS-B32NG7 COLLINS, Patricia Hill. (2016[1986]) “Aprendendo com a outsider whithin: a significação sociológica do pensamento feminista negro”. Revista Sociedade e Estado, Volume 31, Número 1 Janeiro/Abril, pp.99-127. https://www.scielo.br/pdf/se/v31n1/0102-6992-se-31-01-00099.pdf COMUNIDADE CATRILEO+CARRIÓN. Utopias mapuche não binárias para um presente epupillan. Tradução: Bru Pereira e Lucas Maciel. In: Caderno de Leituras n. 124. Belo Horizonte: Edições Chão da Feira, março de 2021. https://chaodafeira.com/catalogo/caderno124/ CORREA, Otávio Amara. A Transexualidade como Terceiro Sexo e a Divindade às hijras: religião, violência e Estado. Revista Brasileira de Estudos da Homocultura. Vol. 3, n.10, 2020. file:///C:/Users/simpl/Downloads/10704-Texto%20do%20Artigo-44795-1-10-20201230.pdf FAVERO, Sofia. (2020) “Por uma ética pajubariana: a potência epistemológica das travestis intelectuais”. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, v. 7, n. 12, p. 1-22, 27 fev. https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/18520 GOMES DE JESUS, Jacqueline. (2012) Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília, Autor. https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/16/o/ORIENTA%C3%87%C3%95ES_POPULA%C3%87%C3%83O_TRANS.pdf?1334065989 HALBERSTAM, Jack. (2020). A arte queer do fracasso. In: A arte queer do fracasso. Recife: Cepe. HERDT, Gilbert Herdt (orgs). Third sex, third gender. Zone Books, New York, 1996. JESUS, Jacqueline Gomes de. (2015) “Interlocuções teóricas do pensamento transfeminista”. In JESUS, Jacqueline Gomes de (et al.). Transfeminismo: teorias e práticas. Rio de Janeiro: Metanoia. KAAS, Hailey. (2015) “O que é Transfeminismo? Uma Breve Introdução”. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/371874/mod_resource/content/0/Encontro%206%20-%20O-que-%C3%A9-Transfeminismo.pdf KULICK, Don. (2008) Travesti: Prostituição, sexo e gênero no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz. LEAL, Abigail Campos. (2020) “Me curo y me armo, estudando: a dimensão terapêutica y bélica do saber prete e trans”. In: Cadernos de Subjetividade, v. 1, nº 21. 2020. P. 64-70. LIMA, Lux (Luiza) Ferreira de. Trânsitos em texto: uma análise comparada de biografias e autobiografias de pessoas trans no Brasil e nos Estados Unidos. Tese de doutorado em Antropologia Social. USP, 2022. MARTINS, Raphael Henrique. (2021) Meninos Bons de Bola. In CONCEIÇÃO, Vércio Gonçalves; PEÇANHA, Leonardo Morjan Britto; SANTANA, Bruno. Transmasculinidades negras: narrativas plurais em primeira pessoa. São Paulo: Ciclo Contínuo Editorial, 2021. MOIRA, Amara. (2016) Se eu fosse puta. São Paulo: Hoo Editora. MOMBAÇA, Jota. (2015) “Pode um cu mestiço falar?”. https://jotamombaca.com/texts-textos/pode-um-cu-mestico-falar/ NERY, João; MARANHÃO FILHO, Eduardo Meinberg de Albuquerque. (2015) Trans-homens no ciberespaço II: biopolíticas nos tecno-homens. In: BENTO, Berenice; FÉLIX-SILVA, Antônio Vladimir (ogs.). Desfazendo gênero: subjetividade, cidadania, transfeminismo. Natal, RN: EDUFRN. OLIVEIRA, Megg Rayara Gomes de. (2018) “Por que você não me abraça? Reflexões a respeito da invisibilização de travestis e mulheres transexuais no movimento social de negras e negros”. Revista Sur 28, v.15, n.28, pp 167 - 179. https://sur.conectas.org/wp-content/uploads/2019/05/sur-28-portugues-megg-rayara-gomes-de-oliveira.pdf OLIVEIRA, Megg Rayara Gomes de. (2018) “Trejeitos e trajetos de gayzinhos afeminados. Viadinhos e bichinhas pretas na educação”. Revista Periódicus. vol. 1, n.9. https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaperiodicus/article/view/25762 PATRIARCA, L. (2019). Donas de casa, de prostituição: sobre as violências decorrentes da criminalização dos contextos destas práticas. Revista De Estudos Empíricos Em Direito, 5(3). https://reedrevista.org/reed/article/view/379 PEIXE, Alexandre; MORELLI, Fábio. (2018) “Homens do Futuro”: o movimento de homens trans no Brasil sob o olhar de Xande Peixe. In: GREEN, James N et al. (orgs.). Historia do movimento LGBT no Brasil. São Paulo: Alameda. PELÚCIO, Larissa. (2005) “Na noite nem todos os gatos são pardos: notas sobre a prostituição travesti”. Cadernos Pagu. n.25 Campinas July/Dec. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332005000200009 PELÚCIO, Larissa. (2006) “Três casamentos e algumas reflexões: notas sobre conjugalidade envolvendo travestis que se prostituem”. Rev. Estud. Fem, vol.14, n.2, pp.522-534. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-026X2006000200012&script=sci_abstract&tlng=pt PEREIRA, Bru. (2020) A comunidade das sobreviventes contra a sobrevivência dos heróis. In: Pandemia Crítica Nº 89. https://www.n-1edicoes.org/textos/38 PERRA, Hija de.(2014) Interpretações imundas de como a Teoria Queer coloniza nosso contexto sudaca, pobre de aspirações e terceiro-mundista, perturbando com novas construções de gênero aos humanos encantados com a heteronorma. In: Revista Periódicus - 2ª edição novembro 2014 - abril 2015. Pp. 1-8. https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaperiodicus/article/view/12896/9215 PIRES, Barbara. (2020) “Regulações no Esporte: entre a classificação e a gestão do sexo/gênero na competição de alto rendimento”. In A Gestão da Integridade: corpo, sujeição e regulação das variações intersexuais no esporte de alto rendimento. Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. PONTES, Júlia; SILVA, Cristiane Gonçalves; NAKAMURA, Eunice. (2020) “Crianças e adolescentes trans. A construção de categorias entre profissionais de saúde”. Sexualidad, Salud y Sociedad - Revista Latinoamericana. n. 35. ago - pp 112 - 132. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1984-64872020000200112&script=sci_arttext PRECIADO, Paul. (2018). Micropolíticas de gênero na era farmacopornográfica: experimentação, intoxicação voluntária, mutação. p. 351-370; p. 381-397. In: Testo Junkie: sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica. n-1 edições. RUBIN, Gayle. (1984) “Pensando o Sexo: Notas para uma Teoria Radical das Políticas da Sexualidade”.https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/1229/rubin_pensando_o_sexo.pdf?seq STONE, Sandy. (2021[2006]) “O império contra-ataca: Um manifesto pós-transexual”. In: STRYKER, Susan; WHITTLE, Stephen. The transgender studies reader. New York: Routledge. STRYKER, Susan. (2021[2006]) “Saberes (des)sujeitados: uma introdução aos estudos transgênero”. In: STRYKER, Susan; WHITTLE, Stephen. The transgender studies reader. New York: Routledge. Tradução: Lux Lima. Favor não compartilhar. Tradução ainda não autorizada para publicação. VERGUEIRO, V. (2016) “Pensando a cisgeneridade como crítica decolonial”. In: MESSEDER, S., CASTRO, M.G., and MOUTINHO, L., orgs. Enlaçando sexualidades: uma tessitura interdisciplinar no reino das sexualidades e das relações de gênero. Salvador: EDUFBA. http://books.scielo.org/id/mg3c9/pdf/messeder-9788523218669-14.pdf VITORINO, Castiel. Devorações - descolonizando corpos, desejos e escritas. Disponível em: https://issuu.com/devoracoes/docs/devora_oes_para_net Filmes: “Atentado violento ao pudor”. (2017 | 95min) Direção: Keila Simpson e Gilson Goulart - Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=idrUxKJ5IzI “Uma mulher fantástica”, Sebastian Lelio (2017) ou “Tangerine”, Sean Baker (2015)